sábado, setembro 24, 2005

DOIS POETAS


O anugo Horácio Paiva enviou-me um poema do espanhol Antonio Machado (1875-1939), e outro dele próprio . Os dois textos ocuparão, hoje, este espaço. Vamos a eles.

O LIMOTEIRO LÂNGUIDO SUSPENDE

O limoeiro lânguido suspende
uma rama pálida, poeirenta
sobre o encanto dessa fonte límpida
e submersos sonham nela
os frutos de ouro.
É uma tarde clara,
quase de primavera,
morna tarde de março
que o hálito de abril próximo leva:
estou sozinho no pátio silencioso,
buscando uma ilusão cândida e velha,
alguma sombra sobre o branco muro,
uma lembrança no peitoril de pedra
da fonte adormecida, ou, no espaço,
o vaguear de uma túnica ligeira.
Flutua no ambiente dessa tarde
esse aroma de ausência,
que diz à alma luminosa: nunca,
e ao coração: espera.
Esse aroma evocativo dos fantasmas
das fragrâncias virginais e já desfeitas.
Oh, sim, recordo-te, tarde alegre e clara,
quase de primavera,
tarde sem flores, quando me trazias
o bom perfume da hortelã-pimenta
e da boa alfavaca
que em vasos minha mãe tinha à nossa beira.
Que viste eu mergulhar minhas mãos puras
nessa água serena,
para alcançar os frutos encantados
que hoje sonham na fonte que os espelha...
Sim, conheço-te, tarde alegre e clara,
quase de primavera.

ANTONIO MACHADO
Tradução de José Bento


ALMAS

"Animula, vaguka, blandula"
(Adriano)

podem dizer o que quiserem
dessas almas cansadas
sobretudo aquelas
que não se deixam conhecer
chegam de repente
e num átimo somem
e logo recuam
à infância deserta

podem dizer o que quiserem
mas não as quero perder
elas talvez me expliquem
em que mundo vivi
em que horizontes deixei
secar a memória

viveram tão pouco
e ficaram à deriva
neguei-lhes o corpo
que sem forças pediam

de sua vida breve
entre malvões e papoulas
lembro só o perfume
cada vez mais distante
mas outras têm o cheiro
de algum brinquedo antigo

como deixei que seguissem
sozinhas e sem rumo
se ainda para elas
havia a esperança?

...

vejo-as cansadas
e já não assustem
com a sua aura fria
de gastos desafios

HORÁCIO PAIVA
(Do seu livro Navio Entre Espadas - O SOM IMÓVEl, a sair)






domingo, setembro 18, 2005

A QUEDA - As Últimas Horas de Hitler


A Queda (Der Untergang/2004), começa e termina com um curto depoimento de Traudl Junge, que foi a secretária de Hitler, ainda viva à época das filmagens, no qual ela faz um mea culpa sobre o seu envolvimento com o denominado Terceiro Reich. Às suas´palavras iniciais se segue a cena da sua chegada, juntamente com três jovens, a um quartel localizado na Prússia, no meio de uma floresta, onde está Adolf Hitler. As quatro vão se submeter a um teste com o Fuhrer, que irá escolher uma delas para ser sua secretária. Ainda do lado de fora, o rosto de Traudl Junge (Alexandra Maria Lara) é iluminado por um holofote. Esse detalhe, reforçado pelo depoimento de Traudl, revela a importância que o filme dá à sua pessoa, que só é inferior à do próprio Hitler. De fato, quando a ação de A Queda se instala no bunker em Berlim, onde Hitler está refugiado em abril de 1945, a presença de Traudl é constante. Às vezes com o seu patrão, ela é uma testemunha e uma observadora das últimas horas dele e de seu império, com a invasão das tropas russas. Ela manifesta simpatia por Hitler (Bruno Ganz, numa notável interpretação , em que, dentre outro méritos, há o de ter absorvido o sotaque de Hitler e o tremor da mão esquerda, provocado pelo Mal de Parkinson) numa conversa rápida que tem com Eva Braun (Juliane Kohller). Ela fala da diferença que existe entre Hitler no contato com ela e o homem que diz palavras agressivas a seus oficiais. Ao que Eva retruca que ele só age deste modo quando está na condição de Fuhrer.
Esse comportamento de Hitler com a secretária é mostrado já no teste de datilografia a que ela é submetido. Ele se mostra cordial, chega a fazer uma piada sobre a inteligência de sua cadela, superior, segundo ele, à de alguns dos seus generais. E quando ela fica apavorada por cometer um erro na carta que lhe está sendo ditada, Hitler age com delicadeza, dizendo que essas coisas acontecem e pede que ela retome o teste. Ela, inclusve, é merecedora de um gesto afetuoso de Hitler, na cena em que ele mostra a Eva Braun a droga que os matará. Pede a mesma droga a ele e Hitler apanha-a na gaveta de um móvel, leva-a até ela, Com um afago na mão de Traudl, ele lhe entrega a droga e se lamenta por não poder dar a ela um presente valioso.
E aquele "monstro" tão conhecido, responsável pela morte de seis milhões de judeus, e aquele megalomaniaco que queria construir um novo mundo, é mostrado, algumas vezes, como um homem capaz de gestos afetuosos e delicados, como o afago num garoto , por sua coragem em conter a invasão russa.
Por essa forma de mostrar uma imagem mais humana de Adolf Hitler, A Queda desagradou a muitos espectadores e foi repudiado pela comunidade judaica. Mas o que ocorre é que o filme não pretendeu ser simpático à figura do Fuhrer. Ao lado desse lado humano de Hitler (é preciso mencionar, ainda, o fato de ele ser visto à mesa de refeições com seus auxiliares humildes, como a secretária e uma serviçal), o filme exibe também a sua figura de líder supremo do Terceiro Reich, agredindo e humilhando os seus liderados, a sua megalomania, o delírio de reverter uma derrota a poucas horas de se consumar, não faltando, inclusive, a manifestação do seu ódio aos judeus, numa conversa que ele tem com um dos oficiais. O que ocorre é que o filme evita o lugar-comum de todos os filmes sobre o nazismo, seja feito por cineastas do nível de Chaplin e de Lubitsch, ou por aqueles menores, ou inexpressivos, de expor ao ridículo a figura de Hitler. Isso A Queda não faz. Se em alguns momentos, o espectador, principalmente o da nova geração, pode ficar tentado a sentir uma certa compaixão de Hitler, na maioria das vezes a exposição de cenas de uma forte crueza, de violência, de destruição, não deixa dúvida quanto à confirmação de que ele foi responsável por um dos períodos mais negros da história da humanidade.
A Queda alterna cenas do interior do bunker (estas mais numerosas) com cenas externas, onde duas batalhas são travadas. Enquanto, externamente, observa-se o ataque das tropas russas às
portas de Berlim, lá dentro há a batalha íntima de Hitler, conferenciando com seus comandados, expondo planos que, talvez, nem ele mesmo acredite na sua eficácia, oficiais que tentam, sem sucesso, convencê-lo a deixar a cidade. O diretor Oliver Hirchbiegel, um jovem nascido em 1957, dirige muito bem esse seu terceiro filme feito para o cinema (tem vários trabalhos para a televisão). Mostra muita força e segurança. Apesar do impacto e da crueza de certas cenas, ele quase sempre emprega a elipse para sugerir o suicídio de pessoas. Dois exemplos: o suicídio duplo de Hitler e Eva e o daquele oficial que morre com a mulher e os filhos. Neste se vê o oficial manipulando duas granadas por baixo da mesa de refeições, há um corte para a fachada do prédio, a seguir a explosão e a boneca da filha menor caída no chão. Contando com um roteiro afiado de Bernd Elchinger, cujas fontes são a elogiada biografia de Hitler, escrita por Joachim Fest, e os livros da própria Traudl Junge e de Melissa Muller, ele realizou um filme que nos permite ficar na expectativa de suas próximas realizações.

terça-feira, setembro 13, 2005

CURIOSIDADES CINEMATOGRÁFICAS

1) Por duas vezes John Ford começou um filme e não o terminou. Os filmes foram Mister Roberts (Idem, 1955) e O Rebelde Sonhador (Young Cassidy, 1964), nos quais ele foi substituído, respectivamente, por Mervin Leroy e Jack Cardiff. Os motivos? Bem, no caso de Mister Roberts, foi uma questão de divergência com Henry Fonda, a respeito da concepção do filme. Fonda, que atuara na peça encenada na Broadway, e que fora escalado para trabalhar na adaptação dela para o cinema, tinha uma visão diferente da de Ford. Conforme relata João Lepiane numa matéria sobre o ator na revista Cinemin número 92, de abril/1992, os dois travaram acaloradas discussões durante as filmagens, ao ponto de Ford se aborrecer, pegar o boné e ir embora. E não foi só isso. O desentendimento entre Ford e Fonda resultou no rompimento de uma longa amizade entre eles. Eles jamais se reconciliaram e, evidentemente, nunca mais trabalharam juntos, desfazendo uma parceria formada em 6 filmes, entre os quais o clássico Paixão dos Fortes, de 1946.
Já em O Rebelde Sonhador o afastamento de Ford foi por motivo de doença. Ele trabalhou apenas duas semanas. Me lembro que algum depois do término das filmagens li um depoimento da atriz Julie Christie sobre o filme, em que ela se lamentava pela saída de Ford. E não apenas pelo que este representava na história do cinema, mas porque, segundo ela, o filme foi muito prejudicado pela conduta do seu parceiro Rod Taylor durante as filmagens. Julgando-se uma estrela, Taylor passou o tempo todo dando pitaco na direção de Jack Cardiff, que, passivamente, aceitava a interferência do ator. A bela Julie Christie (na época, muito solicitada pelos produtores) afirmava que isso não teria ocorrido, se Ford tivesse continuado na direção. E ela tem razão. Com o grande Ford, esse Rod Taylor não tirava a conta certa. É bom lembrar que, em ambos os filmes, Ford foi creditado como co-diretor.
2) Em Rashomon, a obra-prima de Akira Kurosawa, entre tantas imagens belas, há aquela do sol aparecendo por entre as árvores. Pois bem. Há uns 4/5 anos li uma matéria no Estadão, escrita pelo crítico e jornalista Sérgio Augusto, na qual este sustenta que essa mesma imagem aparecia no filme O Espadachim, de 1947; portanto, 3 anos antes de ela aparecer no filme do mestre japonês. O filme é dirigido por Joseph H. Lewis, sobre o qual um cinéfilo da nova geração, que me estiver lendo, poderá perguntar quem é esse cara? Pois saiba que esse Joseph H. Lewis foi um diretor de talento, a julgar pelo que dele dizem o próprio Sérgio Augusto (aliás, a citada matéria é sobre ele), Antônio Moniz Vianna (em seu livro Um Filme Por Dia, ele faz uma crítica elogiosa do filme do diretor, Reinado do Terror, 1958 ) e Francisco Luiz de Almeida Salles. Este último, na crítica ao filme A Mulher sem Nome, de 1950, no seu livro Cinema e Verdade, chega a fazer, entre outros elogios ao diretor o seguinte: "Pode-se afirmar, sem nenhuma dúvida, que Joseph Lewis já é agora um dos valores mais indiscutíveis do moderno cinema norte-americano". Dele só conheço Mortalmente Perigosa, (1949), que vi não tem muito tempo na televisão, e pude comprovar que o homem realmente tinha valor.
3) Em entrevista ao crítico francês Michel Ciment, o cineasta Joseph L. Mankiewick se gaba de ter sido pioneiro no uso da imagem congelada. Isso em A Malvada, 1950. Menas a verdade. Quatro anos antes o recurso já fora utilizado em A Felicidade não se Compra. Das duas uaa. Ou Mankiewicz não conhecia o filme de Frank Capra (o que acho pouco provável; muito provável é Kurosawa não conhecer o filme de Lewis), ou mentiu descaradamente.

sábado, setembro 10, 2005

A FOTO



José (nem sei se é esse o teu nome, não guardei o que saiu no jornal, vou, então, te chamar de José), percorreste todos os recantos da cidade, batendo em cerradas portas, usando a tua voz que não podia chegar a ouvidos surdos. À casa regressavas não apenas esfalfado, no rosto os sinais da desilusão, na alma a angústia por não entreveres uma tênue esperança de sair do túnel em que penetraste. Daí advinham as agressões mútuas com a esposa (através de quem entrava o único e magro dinheiro na casa). Das agressões morais vocês passaram às agressões físicas, assistidas pelos filhos, já crescidos. Ela, a tua mulher, com quem deves ter tido horas de um amor que julgavam eterno. Ela, a tua mulher, te culpava pela perda do emprego. No começo tiveste paciência para esclarecer que a expressão "despedido por justa causa", que constava da carta de demissão, não passava de um artifício usado pelos patrões para reduzir o quadro de funcionários. Não foste o único, sempre acrescentavas. No começo. Ela, no entanto, não entendia, ou não queria entender. Deixaste de dar explicações ( a ouvidos encerados, como os dos patrões aos quais pedias emprego), e passaste a devolver as palavras amargas. Tão amargas quanto a cachaça que tresaandavas ao voltar de mais uma peregrinação em busca de trabalho.
E a bebida terminou por subjugar-te. O teu trajeto passou a ser da casa para o botequim, do botequim para a casa. Surrupiavas do parco salário da tua mulher para te embebedares. A tua vida foi caminhando para o abrigo em que afinal despencaste. A casa transformando-se num palco, cujos atores não tinham vocação para representar cenas de tragédia. E sofreste a humilhação suprema de seres preso por interferência de teus próprios familiares.
A tua infância - revelou a carta amarfanhada encontrada num bolso da calça - foi a de um menino pobre, mas feliz. Teu pai não foi um homem rico, ao contrário. Mas não deixou que os filhos passassem privações. As três refeições, pelo menos, não faltavam na tua casa de menino, embora a mesa não fosse farta. Farto o quintal do vizinho, em cujas árvores se dependuravam as mangas, as goiabas, os mamões e os cajus, que ajudavam a complementar a alimentação doméstica. E à fome do momento juntava-se o prazer lúdico de penetrar em propriedade alheia, da qual, por sinal, foste corrido algumas vezes. Mas isso era previsto e fazia parte do brinquedo.
Eras feliz: disseste com tua linguagem escassa e numa caligrafia tortuosa de quem não podia mais dominar os nervos. Mas só o soubeste quando te tornaste um adulto infeliz. E não foste o primeiro - nem serás o último - a ter consciência dessa felicidade numa quadra da vida em que se é deliciosamente irresponsável. Têm-na principalmente os artistas: os grandes e os pequenos.
José, "despedido por justa causa" do emprego, humilhado, faminto, alcoólatra, desamparado pela família e pelos amigos. José, não te restava outra saída. Mas antes de decidires jogar-te do alto daquele edifício, olhaste para o teu passado de menino. A mão trepidante deu o testemunho.
Acompanhava a carta uma foto em que aparecias, sorridente, ao lado da tua mãe. Não sei por que, mas acho, José, que a contemplaste antes de saltares para a morte. E que esse instantâneo da tua infância te devolveu um pouco da perdida felicidade.
- Do meu livro Um Dia.. Os Mesmos Dias, 1983.

terça-feira, setembro 06, 2005

UM CHORINHO PARA VOCÊ


Há mais de um ano publiquei o texto abaixo no Balaio Vermelho, do amigo Moacy Cirne (na época eu nem imaginava em criar um blog). Ele é aqui republicado por não ter, no momento, nenhum assunto novo. Ei-lo.
Na Canindé dos anos cinquenta havia um cinema que funcionava às quintas, sábados e domingos, numa única sessão. A programação era feita, se é que posso confiar na memória, da seguinte maneira: às quintas passava um seriado, complementado, ou por um filme B americano, ou por um western daqueles do Durango Kid e similares; aos sábados e domingos era, geralmente, exibido o mesmo filme, quase sempre do gênero aventura (um exibido com uma certa frequência era Jim das Selvas, com o ex-Tarzan Johnyny Weissmuller), mas, às vezes, aparecia um melodrama, ou uma comédia romântica, que os meninos detestávamos, rotulando-os de "filmes de amor".
Comecei falando da programação do Cine Canindé, mas, na verdade, quero falar é de uma música que, entre outras (poucas, pois a discoteca do cinema era pequena), tocava-se enquanto aguardávamos o início da sessão. Ela conservou-se em minha memória durante décadas, juntamente com outra, intitulada Como os Rios que Correm para o Mar, um samba-canção de Custódio Mesquita e Evaldo Ruy, na voz de Sílvio Caldas. Mas, enquanto com esta música não levei muitos anos para descobrir-lhe o título e os autores, com a primeira (uma composição instrumental) isso só veio a ocorrer há bem pouco tempo.
Pois eu cresci, arranjei trabalho, casei, os filhos vieram, depois os netos, me aposentei, e aquela música não me saía da lembrança, e cadê a oportunidade de voltar a ouvi-la, se não sabia o seu título? Uma vez, faz uns dez anos, cheguei a pensar que a tivesse reencontrado. Ao sintonizar um canal de tevê, estava sendo tocada uma música que me pareceu ser ela, mas nem houve tempo para que tivesse a confirmação, a execução encerrou-se logo depois.
Foi, então, que, no ano passado, assisti a uma apresentação de Paulo Moura num desses canais a cabo. Tive sorte em ligar o televisor um pouquinho antes da apresentação, porque ele a iniciou com nada mais, nada menos do que a música que ansiei voltar a ouvir por tantos e tantos anos. Quase não acreditava no que via, ou melhor, ouvia. E, afinal, fui saber o título e o compositor: Um Chorinho para Você, do pernambucano Severino Araújo, o criador da longeva Orquestra Tabajara, ainda vivo e caminhando para os noventa anos. É possível que a minha satisfação fosse completa se tivesse me reencontrado com esse chorinho na gravação original, que fico pensando se não é da própria Tabajara. Mas é como se diz: não se pode ter tudo na vida. O que importa é que pude gravar a música, na grande interpretação de Paulo Moura, quando o programa foi reprisado uns dois dias depois, e ela está à minha disposição, sempre que sentir saudades daqueles tempos da minha infância. Quando não havia Padre Marcelo, nem Preta Gil, nem Xitãozinho e Xororó, entre tantos outros "cantores".

sábado, setembro 03, 2005

OS MAIORES FILMES DE KUROSAWA E DE KUBRICK

AKIRA KUROSAWA

1. Rashomon (1950)
2. Viver (1952)
3. Dersu Uzala (1975)
4. Os Sete Samurais (1954)
5. Kagemusha (1980)
6. Sonhos de Kurosawa (1990)
7. Yojimbo (1961)
8, Ran (1985)


STANLEY KUBRICH

1. 2001 - Uma Odisséia no Espaço (1968)
2. Laranja Mecânica (1971)
3. Glória Feita de Sangue (1957)
4. Doutor Fantástico (1964)
5. O Grande Golpe (1956)
6. Nascido para Matar (1987)
7. O Iluninado (1980)
8. Lolita (1962)