quarta-feira, dezembro 28, 2005

OS MELHORES FILMES VISTOS EM 2005

Hoje eu quis voltar aos meus tempos de cineclubismo, quando, junto com alguns companheiros do Cineclube Tirol, publicava, na imprensa local, a lista dos melhores filmes exibidos durante o ano. A minha lista deste ano atinge o número de 14 filmes. É bem provável que possa ter esquecido um ou outro , pois, ao contrário de Bené e Moacy, não costumo anotar os filmes que vejo. (Acho que, a partir do próximo ano, vou adotar esse procedimento. Não posso mais confiar tanto na memória, que já vai dando sinais de cansaço.) Preciso fazer um esclarecimento a respeito da inclusão de Brinquedo Proibido. Foi com a idade de 12/13 anos que o vi, numa cidade do interior da Paraíba. Na época (será preciso dizê-lo?) não tinha a mínima visão crítica e estética do cinema, além de não me lembrar, ao longo dos anos , de absolutamente nada dele. Assim, ao assisti-lo em DVD, em agosto deste ano, foi como se o visse pela primeira vez. Isso posto, vamos à relação.
1 . A Queda - As Últimas Horas de Hitler (Oliver Hirscbiegel, 2004)
2 . Um Filme Falado (Manoel de Oliveira, 2003)
3 . A Eternidade e Um Dia (Théo Angelopoulos, 1998)
4 . O Silêncio (Bergman, 1963)
5 . L' Age d' Or (Buñuel, 1930)
6 . Sherlock Jr. (Buster Keaton, 1924)
7 . Entr' acte (Clair, 1924)
8 . Nuit e Brouillard (Resnais, 1955)
9 . Rififi (Jules Dassin, 1954)
10, Brinquedo Proibido (René Clément, 1952)
11. O Segredo de Vera Drake (Leigh, 2004)
12. Elefante (Gus Van Saint, 2003)
13. Batman Begins (Christopher Nolan, 2005)
14. O Abraço Partido (Daniel Burman, 2003)

sábado, dezembro 24, 2005

NATAL! U,m soneto, um poema e uma letra da MPB


Soneto de Natal
Machado de Assis

Um homem, _ era aquela noite amiga,
Noite cristã, berço do Nazareno, _
Ao relembrar os dias de pequeno,
E a viva dança, e a lépida cantiga

Quis transportar ao verso doce e ameno
As sensações da sua idade antiga,
Naquela mesma velha noite amiga,
Noite cristã, berço do Nazareno.

Escolheu o soneto... A folha branca
Pede-lhe a inspiração; mas frouxa e manca,
A pena não acode ao gesto seu.

Em vão lutando contra o metro adverso,
Só lhe restou este pequeno verso:
"Mudaria o Natal ou mudei eu?"



Poema de Natal
Carlos Pena Filho

_ Sino, claro sino,
tocas para quem?
_ Para o Deus Menino
que de longe vem.

_ Pois se o encontrares,
traze-o ao meu amor.
_ E que lhe ofereces,
velho pecador?

_ Minha fé cansada,
meu vinho, meu pão,
meu silêncio limpo,
minha solidão.



Boas Festas
Assis Valente

Anoiteceu,
o sino gemeu,
a gente ficou
feliz a rezar.
Papai Noel,
vê se você tem
a felicidade pra você me dar.


Eu pensei que todo mundo
fosse filho de Papai Noel.
Bem assim felicidade
eu pensei que fosse uma brincadeira de papel.
Já faz tempo que pedi,
mas o meu Papai Noel não vem.
Com certeza já morreu,
ou então felicidade
é brinquedo que não tem.







domingo, dezembro 18, 2005

O SEGREDO DE VERA DRAKE (VERA DRAKE/2004)

Vão sendo mostrados os primeiros créditos e quando aparece, em destaque, o título Vera Drake, o lado direito da tela abre-se e vemos uma mulher caminhando. Em seguida, a tela fica cheia e a mesma mulher está numa casa prestando assistência a um velho enfermo. Algum tempo depois, ela é vista no trabalho de induzir uma jovem a abortar, uma cena que se repetirá duas ou três vezes. E à medida que O Segredo de Vera Drake vai se desenrolando, fica patente que o diretor-roteirista Mike Leigh não pretende se posicionar a favor ou contra o aborto. A intenção, clara, é a de destacar a bondade de uma mulher casada, mãe de um casal de filhos, de ajudar mulheres a se livrarem do filho indesejado. Bondade, sim, pois Vera Drake faz esse "serviço", sem receber pagamento. Quem lucra é uma desonesta conhecida dela, encarregada de informá-la das mulheres que querem interromper a gravidez. Como todas as pessoas que praticam o bem (embora , no caso, o aborto seja considerado um crime, pelo menos na Inglaterra de 1950, a época em que se passa a história), Vera é uma ingênua, uma pura, que jamais desconfiou de que estava sendo usada pela outra. E, também, vítima de inveja, no caso da esposa do irmão do seu marido.
Como se vê no início do filme, ela também socorre outras pessoas mais velhas e doentes, levando-lhes algum alimento e tendo sempre para elas uma palavra de conforto. Um personagem assim altruísta, que, apesar das dificuldades financeiras por que passa, junto com o marido, vivendo de fazer faxina nas residências, não reclama da vida e está sempre bem-humorada, tem tudo para se tornar um alvo em potencial da pieguice e do sentimentalismo. Mas Leigh, com o talento já demonstrado em Segredos e Mentiras, sabe como driblar esse perigo e conduz o filme com energia, mas com uma segurança e uma sobriedade elogiáveis. Até mesmo nas cenas em que Vera é confrontada com os policiais e não pode conter a emoção, o filme não descamba para o melodramático. Talvez também porque ele conta com o talento de Imelda Staunton, que tem uma atuação admirável no papel de Vera, sem excessos, sem exageros. E são cenas de forte carga dramática, que, nas mãos de um diretor e de uma atriz de pouco potencial, causariam danos irreparáveis ao filme. Vale aqui ressaltar o momento em que Vera, envergonhada pelo que fez, diante dos policiais, encosta a boca no ouvido do marido e lhe faz a bombástica confissão. Uma cena feita de silêncios, mostrando a expressão de pasmo do companheiro de tantos anos anos, que nunca suspeitara do "segredo" que a esposa guardava em seu íntimo.
É ainda importante que se fale do comportamento dos policiais, entre eles uma mulher. Apesar do empenho em arrancar a confissão de Vera, o sargento não age de forma brutal, com truculência. Embora firme, em nenhum momento ele levanta a voz para a interrogada, um comportamento que não é comum em um policial, principalmente diante de um acusado vindo das camadas mais baixas. É como se ele (e os auxiliares) estivessem cientes de que aquela mulher praticou um delito, sim, mas com a intenção de praticar o bem, tanto que não o fez para ganhar dinheiro. E na penúltima cena, já na prisão, quando Vera vai subindo uma longa escada, a guarda recomenda-lhe cuidado para não cair.
Com mais esse êxito em sua carreira, o inglês Mike Leigh comprova que é um dos cineastas mais interessantes do cinema contemporâneio.

domingo, dezembro 11, 2005

15 GRANDES MOMENTOS DO CINEMA


1 - O ator bêbado recitando o monólogo de Hamlet, trepado em uma mesa de bar, em Paixão dos Fortes (John Ford)
2 - A sequência final de Oito & Meio (Fellini)
3 - A expressão do rosto do vagabundo no final de Luzes da Cidade (Chaplin)
4 - O plano-sequência no início de A Marca da Maldade (Welles)
5 - A sequência em que Cary Grant é perseguido por um avião em Intriga Internacional (Hitchcock)
6 - Gene Kelly dançando e cantando debaixo de um toró, em Cantando na Chuva (Kelly & Stanley Donen)
7 - A sequência final de Sinfonia de Paris, na qual se aliam, de forma admirável, a cor, a dança e a música (Vincente Minelli)
8 - A morte da garota em M, o Vampiro de Dusseldorf (Fritz Lang) , revelada pela bola rolando no solo e o balão pousado num poste de iluminação, brinquedos que o assassino comprara para a vítima.
9 - A sequência na escadaria de Odessa, num primoroso exercício de montagem, em O Encouraçado Potemkin (Eisenstein)
10 - A dança dos pãezinhos, em Em Busca do Ouro , de uma poesia simples, mas cativante (Chaplin). Inesquecível.
11 - A cena em que os amantes se conhecem, em uma festa, em Amor, Sublime Amor (Robert Wise & Harold Robbins)
12 - Os cavalos agonizando no final de uma batalha, em Kagemusha, a Sombra do Samurai (Kurosawa)
13 - A cena da Morte conduzindo as pessoas, em O Sétimo Selo (Bergman)
14 - A gargalhada do velho, reagindo com bom-humor à perda das jazidas de ouro, no final de O Tesouro de Sierra Madre (Huston)
15 - Em Rififi (Jules Dassin). A sequência do assalto a uma joalheria, desde a noite em que os assaltantes saem de casa até à reunião na casa de um deles, já com o produto do roubo. Uma sequência de pouco mais de 30 minutos, sem nenhum diálogo, os personagens se comunicando com gestos ou na expressão facial.
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NOTA - A sequência supracitada de O Encouraçado Potemkin foi reconstituída, como uma homenagem ao filme de Eisenstein, em Os Intocáveis (Brian de Palma). A mesma homenagem foi feita a Em Busca do Ouro em Gilbert Grape - Aprendiz de Sonhador
(Lasse Hallstrom), com o ator Johnny Depp repetindo o gesto de Carlitos.

domingo, dezembro 04, 2005

ALGUNS PERSONAGENS INESQUECÍVEIS DO CINEMA



- Carlitos
- Hulot (Jacques Tati)
- O casamenteiro de Depois do Vendaval (John Ford)
- O ator alcoólatra de Paixão dos Fortes (Ford)
= Will Kane, o xerife de Matar ou Morrer (Fred Zinnemann)
- Gelsomina de Na Estrada da Vida (Federico Fellini)
- Cabiria de Noites de Cabiria (Fellini)
- Norma Desmond de Crepúsculo dos Deuses (Billy Wilder)
- O personagem-título de Dersu Uzala (Akira Kurosawa)
- O velho funcionário de Viver (Kurosawa)
- Alfredo, o projecionista de Cinema Paradiso (Giuseppe Tornatore)
- A prostituta de Nunca aos Domingos (Jules Dassin)
- O chefe daquela família "maluca" de Do Mundo Nada se Leva (Frank Capra)
- O padre de Roma, Cidade Aberta (Roberto Rosselini)
- Stoker, o boxeador de Punhos de Campeão (Robert Wise)
- A velhinha de Quinteto da Morte (Alexander Mackendrick)
- Sinigaglia, o professor de Os Companheiros (Mario Monicelli)
- Alvin Straight de História Real (David Lynch)