Capa da primeira edição (Livraria
José Olímpio Editora/1957 ) .
in Google.
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Na década de 1970, ou 80, foi lançada uma peça teatral com um título curioso: "Se Porém Fosse Portanto". Não sei se a peça era boa, nem quem é o autor, mas fiquei interessado em vê-la unicamente por causa desse título. Naqueles anos chegavam a Natal muitas peças produzidas no Rio, a grande maioria de cunho comercial, como me parece ser o caso dessa, mas "Se Porém Fosse Portanto" não baixou por aqui e eu fiquei sem saber o porquê desse título.
Há peças, livros, filmes, etc. que, antes da qualidade que possam ter, atraem pela natureza do título. Estes podem chamar a atenção do leitor pelos mais diversos motivos. Até pela beleza. Um dos mais belos que conheço é o do romance "A Insustentável Leveza do Ser", de Milan Kundera, que, ao ser adaptado para o cinema, conservou na nossa língua o título original.
Falando em títulos curiosos, insólitos, extravagantes, me vêm à lembrança os dos livros do escritor mineiro, já falecido, Campos de Carvalho. Dos seus romances só li "A Lua Vem da Ásia", um título bizarro e que, aliás, não tem nenhuma ligação com a história narrada. Pelo menos, não tem o mau gosto de "Vaca de Nariz Sutil". (De repente, me lembro que conheço outro romance dele, um bonito título, a que não falta um certo tom poético: "A Chuva Imóvel".)
O também mineiro, que se radicou no Rio, Aníbal Machado (pai da teatróloga Maria Clara Machado) escreveu "Cadernos de João". Embora comum, não é um título feio, mas pode enganar o leitor, que será levado a pensar em um romance, cujo personagem principal se chama João.
Trata-se da reunião de reflexões, conceitos, visões de Aníbal sobre a vida, as artes, as pessoas, etc., apresentando, ainda, poemas em prosa e em verso e uns poucos contos, ele que foi um excelente contista.
Essa questão de títulos é rica , é apaixonante, e a pessoa pode explorá-la sob muitos aspectos. Ocorrem casos, por exemplo, em que o autor escolhe o título a partir de uma frase de um outro; casos em que o título de um livro é uma apropriação do de um outro, famoso, mas fazendo uma variação, como fez Cortázar, com o seu "A Volta ao Dia em Oitenta Mundos". Às vezes se dá que dois livros tenham o mesmo título, sem que os autores tenham copiado um ao outro. Este blogueiro já passou por essa experiência. Quando em 1995 publiquei a coletânea de contos "Grandes Amizades", fiquei sabendo que havia um livro de Raissa Maritain também assim chamado, com uma minúscula diferença de que no dela havia o acréscimo do artigo. Eu, sequer, ouvira falar dessa obra, mas fiquei um pouco preocupado por sentir que as pessoas, que me deram a informação, achavam que eu havia bebido na fonte da mulher de Jacques Maritain. Fiquei mais aliviado quando contei o caso a uma escritora amiga, que me disse num tom brincalhão: "Não se preocupe, Sobreira. Ela tinha as amizades dela, você tem as suas".
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