quarta-feira, novembro 29, 2006

A POESIA DE POLÍBIO ALVES (PB)


Para Bertolt Brecht Ler

Que lugar é esse,
onde no ar,
o medo rumoreja?

Que silêncio é esse
entre a máquina
e o homem?

Que tempo é esse,
Bertolt Brecht,
em que as palavras
são amputadas,
a razão- de- ser,
inusitada,
os homens, um eco
no fundo do poço?
******************
Última carta

Estou tãp alegre
que o sono me escapa
e me lacra
sobre o azul das paredes.
É o mesmo continente
sala e quarto, aquele azul
descascado pelo tempo.
Estou tão só e contente
que amanhã de manhã
vou abrir a janela,
me lançar
do décimo segundo andar
e decuplar
um soco no mundo.
***********************
Habitat

Nesse habitat
ofegante,
co-existe
arquitetônico
gesto, pespegante
de um lume
camaleônico.

*********************
O paraibano Políbio Alves (1941) é poeta e contista. Publicou os livros "O Que Resta dos Mortos" *1983),
"Varadouro" (1989), "Exercício Lúdico - Invenções de Armadilhas" (1991) e "Passagem Branca" (2006), o primeiro, de contos, e os outros três de poesia. Os poemas aqui publicados fazem parte de "Passagem Branca", o qual recebeu o Prêmio Nacional de Poesia Augusto Motta/1977. Todos os poemas, portanto, foram escritos na década de 1970, mas só agora, 29 anos depois, foram apresentados em forma de livro.


3 comentários:

Anônimo disse...

Nossa, esses poemas lindos foram escritos quando eu nasci e só agora é que viraram livro! É tempo demais! Abraço

Anônimo disse...

Oi, conhecia o Políbio Alves contista; você fez bem em mostrar o lado de poeta. Uma boa escolha. Abraços. Em tempo: eis o saite do DN: www.diariodenatal.com.br (aguarde telefonema meu).

Anônimo disse...

Genial!