quarta-feira, setembro 13, 2006

MAIS ALGUNS MOMENTOS CHOCANTES DO CINEMA


- A patética imitação do cantar do galo pelo velho professor de "O Anjo Azul" (Josef Von Sternberg/1930)
- O "delirium tremens" do alcoólatra em "Farrapo Humano" (Billy Wilder/1945)
- Um macaco pregado numa cruz conduzida por anões em "Também os Anões Começaram Pequenos" (Werner Herzog/1970)
- Em "A Marca da Maldade" (Orson Welles/1958) : despertada, num quarto de hotel, de um sono induzido por substância tóxica, Janet Leigh vê o rosto aterrorizante do homem morto pendurado à cabeceira da cama.
- O corpo do adolescente morto é atirado junto ao lixo acumulado num terreno descampado em "Os Esquecidos" (Luis Buñuel/1950)
- Em "Gritos e Sussurros" (Ingmar Bergman/1973) : Ingrid Thulin fere a vagina com um caco de vidro e, na cena seguinte, deitada na cama, lambuza o rosto com sangue, com uma expressão provocadora para o velho marido de pé no quarto.
- Ed Harris tirando os óculos e exibindo para o dono do restaurante a horrenda cicatriz em torno do olho em "Marcas do Passado" (David Cronenberg/2005)
- Lou Castel debatendo-se no chão, como um inseto pisado, vítima de um ataque epilético, enquanto uma vitrola toca "La Traviata", no final de "De Punhos Cerrados" (Marco Bellochio/1965)
- O sacrifício de uma criancinha pelo beato de "Deus e o Diabo na Terra do Sol" (Glauber Rocha/1963)
- A prostituta escorraçando do quarto, com um chicote, o escritor, que, com o rosto cortado, foge para a rua, tropeçando no lixo ("Eva", Joseph Loseuy/1962)
NOTA SOBRE "O MAIOR AMOR DO MIUNDO"
Numa primeira visão, tive uma ótima impressão desse último filme de Cacá Digegues , em cartaz no Praia Shopping e no Midway. Um astrofísico brasileiro (José Wilker, numa boa atuação)vivendo nos Estados Unidos há muitos anos, vem ao seu país para receber uma condecoração do governo, num momento em que está se despedindo da vida, vítima de um tumor cerebral. Em visita ao pai, numa clínica geriátrica, fica sabendo que a sua mãe biológica não é a esposa do pai , e, de repente, vem-lhe o interesse de colher informações sobre ela. A narrativa dessa busca alterna presente e passado. O contato com o presente é chocante para aquele homem que vive "no ar", com uma dedicação não só exclusiva, mas obsessiva à profissão (ele sequer se interessa por sexo, resistindo ao assédio da secretária e tem a primeira relação com uma jovem e atraente negra da favela), ao se deparar com com uma realidade de miséria e violência. Experiente e hábil, Diegues não cai na armadilha de querer transformar esse personagem (mesmo com os dias contados) num revoltado e num crítico, se já na juventude, durante a vigência da ditadura militar, demostrava desinteresse pela realidade do país. O maior amor do mundo é o do pai (Sérgio Brito) por Flora, a filha de uma empregada de sua casa. Ela morre ao dar à luz o filho, por falta de socorro médico, e no dia em que o Brasil perde para o Uruguai. O filho desconfia que seja por isso que os dois sempre tentam tido um relacionamento frio, distante. (A cada aniversário seu, o pai lhe narra, com detalhes, a derrota do Brasil.) "O Maior Amor do Mundo" tem muito mais elementos para se discutir, que não caberiam numa simples Nota. Mesmo sem conhecer os últimos filmes de Diegues (mas baseado em referências críticas) creio poder dizer que é o seu melhor filme em muitos anos. Merece ser visto.

Nenhum comentário: