domingo, maio 21, 2006

UM POUCO DA POESIA DE BENÉ CHAVES

A meu pedido, o ficcionista e poeta Bené Chaves, de Natal (RN), enviou 4´poemas. O primeiro faz parte do seu livro "Cinzas ao Amanhecer" (2003), enquanto oss outros 3 são inéditos. Bené é ainda editor do blogue "O Apanhador de Sonhos".

ESPECTADOR

No escurinho do cinema eu vi
o vagabundo com o belo gesto de ternura
aquela imagem de uma beleza pura
a florista sorrindo e vendo o amanhã
o rosto da adolescente de olhar afetuoso
a razão vencendo a intolerância.
Vi o afeto superando o ódio
lucidez e discrição na face de todos
aquela bela loura/ruiva me acenando
a morena instigante sempre palpitando.
Vi a gratidão e justiça como bens maiores
a mediocridade rejeitada/derrotada
também a mocidade estancada
a velhice longe e não amostrada
nossas vidas não deterioradas
o amor da mulher dada/amada.

Tudo isso eu vi, mas somente no
no escurinho de uma sala de cinema.


EXISTÊNCIA

De teu ventre intumescido
nascem certezas e incertezas.
Mas de teu dileto amor
mesclam-se esperanças e
contínuos desenganos.
E enquanto brotam desejos
ou ensejos
tu aparecerás incessante
ante o despojar da vida.
O nascimento como metafísica
sucessiva.
A morte como metáfora da
aurora perdida.


ambiguidade

entre tuas macias coxas
eu afogo minhas lágrimas
afago teu seio
pensando no amanhã
no anoitecer e amanhecer
de nossas e novas vidas.


EROTISMO

Em teu corpo pousarei
como um pássaro faminto
uma ave a aterrissar.
Despirei tuas vestes
beberei em tua pele
embevecido de aflição.
Sugarei desejos derramados
na ilusão de te possuir
desesperado como um órfão.
O silêncio a despertar astúcias
sussurando faíscas de amor.
E no duelo inevitável
duas existências feridas.

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