domingo, abril 09, 2006

"QUAL O FILME QUE VOCÊ GOSTARIA DE TER DIRIGIDO"?


Em 1953 uma revista da Itália fez essa pergunta a dez cineastas daquele país. Eis os diretores e, resumidamente, o filme escolhido por cada um, feito por outro de seus pares. Na verdade, apenas sete dos consultados responderam a pergunta exatamente como foi formulada. Pois Pietro Germi e Giuseppe de Santis disseram que queriam fazer de novo um de seus próprios filmes: Germi , "Caminho de Esperança", justificando que nunca desejou tanto fazer um filme como este, que ele achava que não poderia ser superado por qualquer outro que viesse a fazer: e De Santis, "Arroz Amargo" (aqui comentado há uma semana), por acreditar que, com a experiência que tinha adquirido (ATENÇÃO) , "... penso que agora não repetiria os erros que encontrei no meu original". E Visconti respondeu seco e lacônico: "Não acho que a pergunta seja interessante.
Agora os sete restantes. Alberto Lattuada, com a ressalva de ser difícil responder a pergunta, "porque equivale a perguntar a uma pessoa se desejaria ser outra", disse ser agradável para um diretor ter feito as obras-primas de Chaplin, Von Stroheim e Pabst, acabou optando por "A Marcha Nupcial" , de Stroheim. Rosselini escolheu uma obra de Chaplin, mas, curiosamente, nenhuma das maiores do criador de Carlitos. A sua escolha recaiu sobre "Luzes da Ribalta" (Limelight). Por que, ele mesmo se fez a pergunta e respondeu, "porque é a obra-prima de Chaplin". (Vá entender esses diretores, principalmente os maiores.) Vittorio De Sica escolheu "Dom Quixote", de Pabst, "porque está mais próximo daquele humorismo que tenho tentado, pelo seu bom gosto, pela sua vivacidade: tudo , naquele filme, é harmonioso e brilhante". Alessandro Blasetti, o mais velho de todos, que iniciou a carreira em 1930 (e trabalhou como ator em "Belíssima", de Visconti", interpretando a si mesmo), gostaria de ter feito "Due Soldi di Speranza", de Renato Castellani, um dos consultados. Castellani, que fez ainda uma versão de "Romeu e Julieta" , revelou que sua grande aspiração era dirigir um filme de Chaplin, acrescentando, no entanto, "que é uma felicidade não ter dirigido nenhum, porque, do contrário, não seria um filme de Chaplin". (E não seria mesmo.) Outro que escolheu "Due Soldi di Speranza" foi Luigi Zampa. Mario Soldati, ootro veterano, preferiu "O Anjo Azul", de Von Sternberg.
Não sei o motivo, a revista não informa, Fellini e Antonioni não deram a sua opinião.

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