sábado, abril 01, 2006

ARROZ AMARGO (Riso Amaro/1949)



"Panela em que muitos mexem, ou sai insossa, ou sai salgada". Me lembrei desse antigo ditado, depois de rever, nesta semana, Arroz Amargo. Muitos mexeram no seu roteiro, seis ao todo, entre eles o diretor Giuseppe De Santis. Disso resultou um filme que chega a decepcionar. Feito no apogeu do Neo-Realismo, Arroz Amargo pretendia abordar a temporada de 40 dias das "mondinas", mulheres que, todos os anos, realizam o pesado serviço do cultivo de arroz numa determinada região da Itália. São mulheres de diversas profissões, mas que, sem conseguirem trabalho para exercer as próprias profissões, vão se submeter ao da monda de arroz, contratadas sem vínculo empregatício. Se digo "pretendia" é porque a meia dúzia de roteiristas preferiu deixar em segundo a denúncia do problema social da Itália do pós-guerra, uma das balizas da Escola Neo-Realista , para priorizar o enfoque no quadrilátero amoroso envolvendo Walter (Vittorio Gassman), Francesca (Doris Dowling), Silvana (Silvana Mangano) e Marco (Raf Vallone).
Quando o filme começa, Walter e Francesca formam o casal, ele fugindo da polícia pelo roubo de um colar, com a cumplicidade da amante. Depois que Walter e Silvana se conhecem, há uma atração mútua. Deixada de lado e decepcionada com Walter, Francesca se interessa por Marco, que, sem o perceber (ou fingir), cai de amores pela bela e sensual Silvana. Daí para frente, Arroz Amargo assume o drama amoroso que vai culminar com o final trágico de Silvana, que, traída na expectativa de um promissor futuro com Walter, comete suicídio. Se no ato de Silvana já paira a sombra do melodrama, este se instala de vez no final do filme, mostrando as mulheres, que não tinham bom relacionamento com Silvana, jogando punhados de areia sobre o cadáver dela e o estabelecimento da união entre Francesca e Marco, os dois caminhando um ao lado do outro.
Arroz Amargo marcou a estréia de Silvana Mangano no cinema. No frescor dos seus l8/19 anos, Silvana esbanja beleza e sensualidade. Com um short curto e bem colado ao corpo, delineando suas formas esculturais, além da beleza do rosto, ela é o principal atrativo do filme, assim como o foi Rita Hayworth em Gilda. O filme explora, como pode, os atributos físicos daquela que foi uma das 10 mulheres mais fascinantes do cinema, o que se torna mais um ponto negativo desse arroz mal cozinhado, embora, para o espectador, seja uma festa para os olhos.

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