domingo, fevereiro 05, 2006

O RELÓGIO DA CONSTRUÇÃO



Um relógio existe no edifício em construção:
sem pnnteiros, vidro e algarismos.
Em seu vocabulário restrito e brincalhão,
os operários o chamam de cachorra.
É como uma haste de ferro e no topo se encaixa uma ferradura,
em que se bate com uma varinha também de ferro.
As pancadas das sete horas chamam os homens para o trabalho.
As das onze avisam que devem interrompê-lo para o almoço.
Reiniciam o serviço, quando ressoam pancadas uma hora depois.
O encarregado da cachorra, porém, não a toca,
ao final de mais um dia de trabalho.
E os operários prorrogam o seu horário,
porque o patrão tem pressa em terminar a obra.

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Este poema data de mais de vinte anos. Foi escrito numa época em que tentei experimentar a poesia, tendo chegado a escrever uns 15 poemas, num periodo de poucos. Conservei, apenas, uns 4, que me parecem os menos ruins. Não vai no que digo nenhum sentimento de falsa modéstia. Não, a poesia, para uma usar uma palavra de alguns anos atrás, não é a minha praia. Se publico este, é mais para satisfazer uma amiga da blogosfera, que se queixou, outro dia, que eu nunca publicava poemas de minha autoria. Aí está, amiga. Por fim, informo que O Relógio da Construção foi publicado numa revistinha literária de Teresina (PI) e no jornal cultural O Galo, aqui de Natal, ambos já extintos.

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