Com o título acima estou iniciando uma seção, que publicarei neste espaço, à medida que for me lembrando de certos filmes que vi na adolescência e nunca mais os revi. Em sua maioria, são filmes de pouca ou (talvez) nenhuma importância, porque me faltava, na época, a visão do cinema como arte, que só vim adquirir alguns anos depois. Mas foram filmes para mim inesquecíveis, vários deles dirigidos por cineastas importantes ou talentosos. Hoje falarei de quatro filmes: três franceses e um americano.
Começo com Por Ternura Também se Mata (Porte de Lilas, René Clair, 1957) . É a história de um velho pobre que mora com uma neta em uma cidade portuária, que não me lembro qual é. A neta é bem jovem, talvez ainda adolescente. Um dia o velho abriga em sua casa um homem que está fugindo da polícia. Os dias vão passando e o estranho, um pouco maduro, mas atraente e experimentado na arte de seduzir, começa a atrair a atenção da inexperiente jovem. O velho percebe o que está acontecendo e fica preocupado. Se a memória de quase 50 anos atrás não estiver me traindo, ele descobre que os dois irão fugir. E, então, resolve matar o intruso. Da sinopse da história me lembro, e , certamente, com algumas lacunas; e me parece que o filme transcorre, se não totalmente, pelo menos em grande parte à noite. É o último filme, no mínimo, interessante de Clair, que, antes, fizera a leve e deliciosa comédia As Grandes Manobras (1955) , ainda um belo filme, que vejo, vez por outra, numa gravação em VHS.
O segundo filme é Delírio de Loucura (Bigger than Life, 1956) , de Nicholas Ray, um dos diretores que deram prestígio ao cinema americano nos anos de 1950. Um homem de classe média (não me lembro de sua profissão) apresenta um problema de saúde, depois de submetido a um exame médico. O medicamento prescrito, com o passar do tempo, começa a produzir alterações em seu comportamento. De um homem pacífico, bem relacionado com a esposa e o filho pequeno, ele se transforma numa pessoas irascível e violenta, trazendo para a família o medo, até o pânico. Desse filme me recordo, vagamente, do exame a que o homem é submetido e de uma cena de violência dele contra o filho. A vontade maior de rever Delírio de Loucura, é porque o personagem é interpretado por James Mason, o meu ator preferido.
De Amar é Minha Profissão (En Cas de Malheur, Claude Autant-Lara/1958) , guardarei para sempre a cena em que Brigitte Bardot, no frescor dos seus vinte e poucos anos, atravessa correndo, nua-nua, o quarto de um apartamento, flagrada por Jean Gabin. Uma cena de poucos segundos, mas inesquecível. Era a primeira vez que via uma mulher despida na tela, e logo Brigitte. Possuo o livro de Georges Simenon, em que o filme é baseado. Um bom livro, talvez melhor do que o filme, só que este tem Brigitte e ao natural.
Foi mais ou menos na mesma época que vi um filme atípico de Marcel Carné (autor da obra-prima O Boulevard do Crime, 1945) : Ele, Ela e o Outro (Le Pays d'ou Je Viens, 1956) , comédia leve, agradável, em oposição aos filmes sombrios e densos de Carné, com Françoise Arnoul (uma atriz mignon, não especialmente bonita, mas sensual, que teve um relativo sucesso no cinema francês dos anos de 1050) e o cantor Gilbert Bécaud, fazendo um papel duplo. Disse me lembro bem, além de uma cena em que ele canta ao piano.
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