domingo, junho 27, 2010

O CINEMA E EU

Virginia Mayo (1920-2005), um
dos meus amores cinematográficos.



Eu assistia, no cinemazinho da minha cidade, aos faroestes de Durango Kid, Johnny Mac Brown, Roy Rogers, Rocky Lane, Bill Elliott, entre outros. Eu assistia aos seriados, e por uma semana ficava roendo as unhas à espera do próximo episódio, para saber como o mocinho iria se livrar do perigo. Eu assistia a Jim das Selvas, com o ex-Tarzan Johnny Weissmuller, que substituíra a quase nudez por um silaque. Uma vez ou outra passava um filme romântico, que os meninos chamávamos de "filmes de amor" e os detestávamos, saindo no meio da sessão. Eu assistia, eu assistia...
Chegou a adolescência e fui estudar na capital. Muitas salas de cinema. Nelas a descoberta de outras espécies de filmes. E também de outros atores: Burt Lancaster, Kirk Douglas, James Mason (que elegi o meu ator preferido), Gregory Peck, William Holden, Marlon Brando, Paul Newman e outros, muitos outros. E, sobretudo, a de belas atrizes: Ava Gardner, Virginia Mayo, Audrey Hepburn, Sophia Loren, Brigitte Bardot, Jean Simmons, Claire Bloom, Maureen O'Hara, entre tantas. Algumas amei para sempre e quando uma delas se foi, eu senti a sua perda como a de uma pessoa muito íntima.
Eu era um adolescente que babava, feito uma criancinha, vendo a maioria daqueles filmes, daqueles atores, daquelas atrizes. Com o passar dos anos, no contato com pessoas mais velhas, lendo no jornal críticas sobre filmes, percebi que estes eram feitos não só para a busca do lado lúdico do espectador, nem para explorar-lhe o sentimentalismo. Não, havia um tipo de filme engajado na visão crítica da vida, das pessoas e dos seus sentimentos - um cinema de ideias, como dizia Fellini; e paralelamente a esse conteúdo, havia a preocupação pela forma de narrá-lo, em oposição à dos filmes que tinham a bilheteria como único objetivo. (Verdade que, como me dei conta depois, e isso ocorria sobretudo no cinema americano daqueles tempos, havia filmes que conseguiam conciliar o gosto da crítica e do espectador comum, embora por motivos diferentes.)
Minha visão crítica evoluiu com a minha vinda para Natal, no convívio com alguns sócios do Cineclube Tirol, ao qual me filiei. Também me iniciei na leitura de livros sobre cinema e prossegui na leitura dos grandes críticos dos anos 1960 que escreviam nos jornais do Rio.
Mas ainda vejo (hoje nessa grande invenção que é o DVD) alguns daqueles filmes da minha fase de adolescente. E não deixo de me lembrar das sessões do Cine Canindé. Foi lá que começou o meu amor pelo cinema.

10 comentários:

Bené Chaves disse...

Muito bom (novamente)o seu tom nostágico sobre atores, atrizes e filmes de um passado perdido entre as sombras. Grandes filmes, belas atrizes(e aqui senti a ausência de uma linda Kim Novak)e atores famosos.
Tudo era muito bom nos anos 60. Acho que foi a melhor fase de todos nós. E o cine clube tirol, hein? Quanta saudade daquele tempo, de nossas reuniões e depois os passeios por uma cidade livre pra se andar.
O progresso pode ser bom, mas crescem as diferenças sociais e tudo desmorona para a violência. Porém isso é outra história...

Um abraço...

nina rizzi disse...

eu quero o cine canindé!!!

esta semana fui ao 20º cine ceará, concomitante acontece o festival ibero-americano de cinema. tanta coisa boa. lá no cine luiz me lembrava de vc. tentaa imaginar a sua emoção de anos atrás naquele prédio incrível.

e o filme que pensei que mais gostaria foi "azul". é lindo, é ser-tão dentro a esmigaçar.

um beijo :)

nina rizzi disse...

ah, sim, azul é dirigido pelo pernambucano eric laurence.

beijos mais.

Jota Effe Esse disse...

No tempo em que eu frequentava cinemas (década de 50), o que mais me interessava eram as atrizes e Sofia Loren era minha preferida, o enredo vinha em segundo lugar, e nada mais despertava meu interesse. Fico imaginando o quanto você, que gosta muito de cinema, deve ter se emocionado naquela época. Meu abraço.

Sergio Andrade disse...

Que relato belíssimo, Sobreira! Fiquei emocionado.

E que belas pernas tinha a Virginia Mayo! rss

Um abraço!

Claudinha ੴ disse...

Olá querido amigo!
Eu tenho um carinho todo especial pelo cinema. Mesmo sendo leiga para críticas de cinema, sei das emoções que ele deixou em mim. Também prestava muita atenção nas atrizes, pois queria ter o seu glamour e sua beleza, e como sabe, e já riu até de mim, gostava dos músculos do Burt Lancaster, rsrsrs. Eu tenho um de meus marcadores de assunto no blog com o mesmo título deste seu post, pra você ver como o cinema marcou minha vida.
Beijo procê!

Mariazita disse...

Querido Francisco
O rol de preferências cinematográficas que vc descreve penso que era comum aos garotos "daquele tempo". Hoje é tudo muito diferente...
Virgínia Mayo era uma mulher muito bonita que, até ao fim dos seus dias, conservou traços de sua beleza.
Gostei de seu texto.

Boa semana. Beijinhos
HISTÓRIAS DE ENCANTAR

DILERMArtins disse...

Mas bah, Sobreira.
Quantas recordações...Meu Cine Apolo...Os filmes, mais ou menos os mesmos...Já meus amores cinematográdicos, Sarita,Brigit , Gina, Elizabet...
Abração.

José Viana Filho disse...

Seus dois ultimos posts são emocionantes Francisco!! Vc devia colocar publicar um livro com seus melhores posts

abs

Marco disse...

Caro Sobreira,
que pedação de mulher era a Virginia Mayo! Ah, as atrizes de antigamente...
Se bem que entre as modernas, há verdadeiros biscuits que fazem meu coração suspirar, como a Jennifer Conelly, por exemplo.
Sim, o cinema também é importante para mim, para minha ligação com a arte...
Belíssima postagem.
Carpe Diem. Aproveite o dia e a vida.