terça-feira, dezembro 30, 2008
POEMA DE FIM DE ANO DE MÁRIO QUINTANA
terça-feira, dezembro 23, 2008
OS MELHORES FILMES DE 2008

A exemplo dos anos anteriores, estou divulgando aqueles que considero os melhores filmes do ano que está se findando, segundo os princípios que regem uma lista individual, sujeita, portanto, a questionamentos naturais. Na verdade, são duas listas: uma para filmes inéditos, outra para filmes revistos, num total de 16 títulos. E, ao contrário dos anos anteriores, os filmes de ambas as listas estão relacionados em ordem preferencial. Ei-los.
INÉDITOS
1 - Contos de Tóquio (Yasujiro Ozu/1953)
2 - Arca Russa (Alexandr Sokurov/2002)
3 - Pai e Filha (Ozu/1949)
4 - A Carruagem de Ouro (Jean Renoir/1952)
5 - Amor à Flor da Pele (Wong Kar-Wai/2000)
6 - Medos Privados em Lugares Públicos (Alain Resnais/2006)
7 - A Comédia do Poder (Claude Chabrol/2006)
8 - Homem Mau Dorme Bem (Akira Kurosawa/1960)
9 - Consciências Mortas (William Wellman/1944)
10 - Estranha Compulsão (Richard Fleischer/1959)
REVISTOS
1 - A Dupla Vida de Véronique (Kieslowski/1991)
2 - Laura (Otto Preminger/1944)
3 - Contos da Lua Vaga (Kenji Mizoguchi/1953)
4 - Os Duelistas (Rydley Scott/1977)
5 - Minha Vontade È Lei (Edward Dmytryk/1959)
6 - Uma Rua Chamada Pecado (Elia Kazan/1951)
terça-feira, dezembro 16, 2008
A MALDADE HUMANA

Segundo o teólogo francês João Calvino, que rompeu com a Igreja Católica e criou a seita protestante que leva o seu nome, "o homem é de todo incapaz de salvar a si mesmo, pois ele é totalmente mau." Não concordo que uma pessoa seja totalmente má, assim como não existe alguém totalmente bom. É impossível penetrar nos escaninhos da natureza humana, onde se guarda o incognoscível de um homem, e, por isso, é comum nos surpreendermos com um ato indigno de uma pessoa por todos reputada como boa, e com um exemplo de bondade de alguém tido e havido como mau.
Há alguns anos li no caderno "Idéias" do Jornal do Brasil uma matéria sobre Hitler, melhor dizendo, um ato de Hitler que surpreenderia qualquer um que sabe do ódio que ele tinha aos judeus, ódio esse que custou a vida de milhões deles. Pois, conforme essa matéria, uma determinada família judia foi poupada por Hitler dessa sua insana perseguição. Tanto tempo já que li o texto que não me lembro mais nada sobre ele, a não ser que a família nunca foi molestada pelos nazistas. Não me lembro, por exemplo, se foi revelado o motivo que levou Hitler a preservá-la da perseguição (é possível que sim, ou, se não, pelo menos a proposição de hipóteses para o ato).
Ainda sobre Hitler. O filme alemão "A Queda - As Últimas Horas de Hitler" promove uma certa humanização da sua figura. Embora em nenhuma ocasião o filme nos induza a esquecer, um tantinho que seja, as inomináveis atrocidades por ele cometidas, há momentos em que chegamos até a sentir um pouco de pena daquele homem (admiravelmente interpretado por Bruno Ganz), tão cheio de poder até pouco tempo antes, sentindo a derrocada do seu império e afetado gravemente pelo Mal de Parkinson.
Em seu livro de memórias "Infância", Graciliano Ramos fala de um homem de sua cidade chamado Fernando. Um tipo que, já no aspecto físico, dava medo nas pessoas, com o "olho duro", a "voz áspera", grosseirão, "o ar de insuficiência e impostura", os modos, e tantas outras coisas negativas que deixaram uma das recordações mais desagradáveis em Graciliano. Sim, não sorria. Mas além do aspecto físico, Fernando era um homem mau. Valendo-se do parentesco com o manda-chuva do lugar, fazia as piores maldades, entre elas a de desvirginar moças humildes que depois se prostituíam. Na percepção do menino Graciliano, não havia mais ninguém tão mau no mundo. E quando leu em um "dicionário encarnado" que Nero tinha sido o maior dos monstros, duvidou: maior do que Fernando? Mas Nero nunca lhe havia feito mal, ao contrário de Fernando, que o atormentava. E a leitura o deixou embaraçado. O seu conterrâneo "talvez não fosse o pior monstro da terra, mas era safadíssimo."
Pois um dia Graciliano assistia na loja do pai ao trabalho dos dois empregados abrindo caixões de mercadorias. Fernando também estava presente, cochilando num banco. Depois de concluída a tarefa, com as mercadorias distribuídas, uma tábua com pregos fora esquecida no chão. Já desperto, Fernando viu a tábua, apanhou-a, pegou dum martelo e pôs-se a entortar os bicos dos pregos. Enquanto isso reclamava do desleixo dos empregados. "Se uma criança descalça pisasse naquilo?" Diz Graciliano que não acreditava no que via e ouvia, chegando a pensar que um milagre acontecera. E julgou-se injusto por considerar um monstro quem se preocupava com que as crianças pudessem cortar os pés. E conclui o capítulo" "Talvez Nero, o pior dos seres, envergasse os pregos que poderiam furar os pés das crianças."
terça-feira, dezembro 09, 2008
UM EMBLEMA DA MINHA INFÂNCIA
