sábado, abril 28, 2007

A RAINHA (The Queen/2006)


Pode-se dizer, sem cometer um exagero, ou falar uma impropriedade, que o personagem central do filme de Stephen Frears ("Ligações Perigosas", "Minha Adorável Lavanderia") é a Princesa Diana. Sua trágica morte causa, pela primeira vez no reinado de Elizabeth II (Helen Mirren) , um abalo nas relações entre a Família Real e os seus súditos ingleses, por causa da atitude assumida por aquela diante da vítuma do infausto acontecimento. À exceção do Príncipe Charles, (Alex Jenkins) já separado dela há alguns anos, os demais membros da Realeza dão as costas para o ocorrido, chegando a deixarem o Palácio de Buckingham, refugiando-se numa região afastada de Londres. Esse fato, principalmente, provoca uma onda de protestos da população. Aliás, o destaque de Diana no filme é mostrado um pouco antes de ela morrer, na visita que o recém-eleito Tony Blair (Michael Sheen) faz à à Rainha. Durante o curto encontro, a Rainha é interrompida pelo seu principal auxiliar para lhe falar sobre o comparecimento de Diana ao enterro de um famoso estilista. E logo quando ocorre o acidente fatal, em um dos bons momentos do filme, quando a perseguição dos "paparazzi" ao carro, onde elá está com o atual namorado, é alternada com imagens da Princesa veiculadas pela televisão, a "presença" dela é decisiva para o desenrolar da história.
"Presença" que serve até para provocar uma tensão nas relações entre Elizabeth II e Blair, que, espertamente, adere à comoção da população (ou parte dela), começando por fazer um pronunciamento em que lamenta a morte de Diana. Ele chega até a convencer a Rainha a voltar ao palácio, para ficar junto da multidão postada ali em frente. E quando ela sai do palácio, para se encontrar com os súditos, há uma cena que a comove. Há o contrangimento de Elizabeth em estar ali, para se unir às pessoas na homenagem a uma mulher de quem ela jamais gostou; e há da parte das pessoas, apesar do respeito à sua soberana, uma certa má vontade contra ela. Então uma garotinha lhe dá um buquê de flores.
Muito interessante é a crítica que o filme faz da persona política de Tony Blair. Aos poucos, ele começa a ficar do lado de Elizabeth. E, no final, quando ele vai visitá-la, dois meses depois da morte de Diana, é mostrado o clímax dessa transformação. A Rainha o submete a falar dos negócios políticos acompanhando-a numa caminhada pelo palácio. E vemos o Primeiro-Ministro seguindo a Rainha, expondo os assuntos, aos quais ela parece não dar a devida importância. É o Blair que, com o correr do tempo, traiu as esperanças dos que confiaram nele para fazer um governo diferente do de Tatcher, e tornou-se um aliado incondicional (e, de certa forma, até submisso) de Bush nas questões internacionais, como a invasão do Iraque.
"A Rainha", com fotografia do brasileiro Affonso Beato (que já trabalhou duas vezes com Almodóvar), se não possui o brilho de um "Ligações Perigosas", para citar um exemplo, é um ótimo filme, que revela que Stephen Frears é um diretor de quem ainda se pode esperar coisa boa.
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A ENFERMIDADE DE ANNIE GIRARDOT
Os da minha geração se lembram bem dessa atriz francesa, mas que trabalhou também no cinema italiano, inclusive com Visconti em "Rocco e Seus Irmãos". Neste filme atuava Renato Salvatori, que se tornou seu marido. Pois bem. A filha deles escreveu um livro sobre a convivência dela com os pais. E já para o final revela que Annie está sofrendo do Mal de Alzheimer. Apesar de doente, ela trabalhou em "A Pianista, convidada pelo diretor Mikael Haneke, cujo gesto deve ser elogiado. Foi com esse livro que os franceses ficaram sabendo que alguns problemas de memória da atriz não eram decorrentes do alcoolismo que a afetou durante um certo período de sua vida, conforme especulava a imprensa. Quem leu o livro diz que é de quase chorar o que confessa a filha: o medo de quando chegar o dia em que não será mais reconhecida pela mãe. Pobre Girardot! Mas assim é a vida.

Um comentário:

Anônimo disse...

Obama's stand on the concerns of life and how it is being shushed up are not in line with standard Catholic beliefs.

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