- Nos idos de 1960 o cinema italiano implantou o filme de várias histórias (quase sempre quatro), cada uma delas dirigidas por um determinado cineasta. Inúmeros desses filmes foram feitos naquele período e deles chegaram a participar diretores do porte de Fellini, Visconti, Antonioni e até Rosselini. Quem é da minha geração deve se lembar, por exemplo, de Boccaccio 70, que reuniu Fellini, Visconti, De Sica e Monicelli, mas o episódio deste foi cortado pela censura da ditadura militar, no lançamento do filme no Brasil. (E agora, assim de repente, me vem à lembrança que, quando Boccaccio 70 passou em Natal, seus três episódios foram comentados, em jornal, por três integrantes do Cine Clube Tirol. A Moacy Cirne coube o de Fellini (As Tentações do Dr. Antonio), a Gilberto Stabili o de De Sica (A Rifa), e a este beradero de Canindé o de Visconti (O Trabalho). Algumas cinematografias, como a francesa e a brasileira, chegaram, esporadicamente a aderir a esse subgênero. Pois nessa onda um produtor italiano pretendeu produzir um filme constituído de 3 hístorias, que seriam dirigidas por Fellini, Bergman e Kurosawa. O projeto não foi adiante, porque, parece, somente Fellini topou a parada. É impossível prever o que poderia resultar de um filme que juntava cineastas tão diferentes entre si, pela temática, pelo estilo, pela cultura de seus respectivos países. Mas que seria uma experiência, no mínimo, curiosa, ah, isso seria.
- Por ser um fato muito pouco comum, é possível que raríssimos cinéfilos se lembrem de ter assistido a um filme de um senhor chamado Allen Smithee. E estou falando daqueles que vão ao cinema pelo nome do diretor; daqueles que não estão nem aí para quem dirige um filme, se leram o nome dele na tela, esqueceram-no cinco minutos depois. Esse senhor dirigiu pouquíssimos filmes e seu nome jamais será incluído num dicionário de cinema. Não porque não o mereça (afinal, centenas de maus e medíocres diretores estão ali relacionados), mas porque esse Allen Smithee não existe. Isso mesmo, Allen Smithee não existe. É uma invenção de Hollywood. O que ocorre é o seguinte: quando um cineasta vê o filme que dirigiu desfigurado por uma montagem feita à sua revelia, e exige que o seu nome não conste dos créditos,a produçãp, então, coloca esse Allen Smithee como o diretor, já que o filme (nenhum deles) pode ser lançado sem uma "assinatura". É isso aí.
- Peter Lorre, o inesquecível intérprete de M, O Vampiro de Dusseldorf, o clássico de Fritz Lang, teve uma única experiência na direção. Em 1951, esse ator nascido na Hungria foi à Alemanha rodar o filme Der Verlorene (O Perdido) , por ele roteirizado. E foi uma experiência bem sucedida, a julgar pelo que dizem os críticos Luiz Nazário e Jean Tulard. Eis a opinião de Nazário, emitida em seu livro De Caligari a Lili Marlene: " O primeiro filme alemão do pós-guerra, digno de nota, é "O Perdido", de Peter Lorre; em 1951, o expressionismo renasce recuperado, de forma crítica, numa forte alegoria anti-nazista". E Tulard, no "Dicionário de Cinema - Os Diretores": "Der Verlorene", de uma atmosfera estranha, demasiado avançado para o seu tempo, não obteve nenhum sucesso, mas precisa ser redescoberto".
- Outros atores também tiveram uma experiência isolada na direção. Exemplos: Marlon Brando (A Face Oculta/196l), Gerard Philippe (As Aventuras de Till/1956), Charles Laughton (O Mensageiro do Diabo/1955), Anthony Quinn (Lafite, o Corsário/1959), Karl Malden (Time Limit/1957). Este último, um ótimo coadjuvante (o padre de Sindicato de Ladrões e que atuou no filme de Brando), segundo algumas fontes, dirigiu ainda algumas cenas de A Árvore dos Enforcados, substituindo o diretor Delmer Daves, quando este adoeceu durante as filmagens. E a atriz Barbara Loden, que foi casada com Elia Kazan (atuou em dois filmes do marido, entre eles Clamor do Sexo), dirigiu, em 1970, Wanda. São os de que me lembro no momento, e só citei os que já se foram, pois os ainda vivos poderão dirigir outras vezes e até passar de ver para trás da câmera, como já ocorreu.
sábado, janeiro 15, 2005
CURIOSIDADES CINEMATOGRÁFICAS
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