O Baile, de Ettore Scola (Um Dia Muito Especial) não é o maior musical já realizado, mas, certamente é o mais original. Afastando-se do modelo padronizado pelo musical americano, não tem uma única fala e toda a história do filme é narrada através da música e da dança. E deve-se também falar em história com h maiúsculo, pois O Baile reconstitui o período francês, que vai de 1936, com a formação da Frente Popular, estendendo-se pela ocupação nazista, a libertação, a invasão do "rock" nos anos 1950, os anos 1960, até 1983. Além das músicas e das danças, todo o período é assinalado pela moda do vestuário masculino e feminino.
O filme começa em 1983, com os personagens-dançarinos, quarenta e sete anos mais velhos, entrando em um salão de um bar. É um ótimo início. Ao som de uma música, aparecem, primeiro, as mulheres, uma de cada vez. A câmera focaliza, com detalhes, a chegada delas. Há a de óculos escuros, que escancara a boca para examinar os dentes com os dedos, há outra que traz um frasco de comprimidos, uma terceira que, ao sentar, exibe parte de uma coxa, enquanto ajeita a saia de baixo, mais outra, de óculos de grau, que não irá dançar, preferindo ver uma revista de cinema. Já os homens entram juntos, em fila indiana, e vão se recostar ao balcão. Como ocorria nos bailes de antigamente, as mulheres aguardam que eles as convidem para dançar.
O roteiro, do qual Scola é um dos quatro autores, parece dar um pouco mais de destaque a dois desses homens. Aquele cheio de tiques (Marc Berman) e o grandalhão, feio e corcunda, que, talvez, por lhe faltarem atrativos físicos, dança apenas uma vez e rapidamente, sendo logo preterido pela parceira em favor de outro. É interpretado por Jean-François Perrier, que voltaria a trabalhar com o diretor no encantador a Viagem do Capitão Tornado (1990). Aliás, o personagem de Marc Berman proporciona o momento mais engraçado de O Baile. Na pele de um aristocrata, usando monóculo, ele chega ao baile acompanhado da amante. Sozinho à mesa, enquanto a mulher dança com outro, os monóculos (pois ele possui mais de um) caem no copo cheio de vinho. Por outro lado, ele aparece, em outra ocasião, como um personagem desprezível: o de colaboracionista, servindo de pajem para o oficial alemão (o mesmo Perrier)
Sendo uma adaptação de um espetáculo montado pelo Théatre du Campagnol, de Paris, encenado por Jean-Claude Penchenet, que também atua no filme e é mais um dos roteiristas, O Baile corria o risco de se tornar apenas a filmagem de um espetáculo musicado e dançado. O risco é evitado porque Scola, ao aderir à dança e à música, o faz com o seu tirocínio e talento cinematográficos, do que resulta um equilíbrio perfeito na aliança de três artes.
Curioso que um cineasta, sem experiência no gênero, tenha realizado um dos quatro ou cinco maiores musicais de todos os tempos, e dele a sua obra-prima. O cinema (como a vida) tem dessas coisas.
O filme começa em 1983, com os personagens-dançarinos, quarenta e sete anos mais velhos, entrando em um salão de um bar. É um ótimo início. Ao som de uma música, aparecem, primeiro, as mulheres, uma de cada vez. A câmera focaliza, com detalhes, a chegada delas. Há a de óculos escuros, que escancara a boca para examinar os dentes com os dedos, há outra que traz um frasco de comprimidos, uma terceira que, ao sentar, exibe parte de uma coxa, enquanto ajeita a saia de baixo, mais outra, de óculos de grau, que não irá dançar, preferindo ver uma revista de cinema. Já os homens entram juntos, em fila indiana, e vão se recostar ao balcão. Como ocorria nos bailes de antigamente, as mulheres aguardam que eles as convidem para dançar.
O roteiro, do qual Scola é um dos quatro autores, parece dar um pouco mais de destaque a dois desses homens. Aquele cheio de tiques (Marc Berman) e o grandalhão, feio e corcunda, que, talvez, por lhe faltarem atrativos físicos, dança apenas uma vez e rapidamente, sendo logo preterido pela parceira em favor de outro. É interpretado por Jean-François Perrier, que voltaria a trabalhar com o diretor no encantador a Viagem do Capitão Tornado (1990). Aliás, o personagem de Marc Berman proporciona o momento mais engraçado de O Baile. Na pele de um aristocrata, usando monóculo, ele chega ao baile acompanhado da amante. Sozinho à mesa, enquanto a mulher dança com outro, os monóculos (pois ele possui mais de um) caem no copo cheio de vinho. Por outro lado, ele aparece, em outra ocasião, como um personagem desprezível: o de colaboracionista, servindo de pajem para o oficial alemão (o mesmo Perrier)
Sendo uma adaptação de um espetáculo montado pelo Théatre du Campagnol, de Paris, encenado por Jean-Claude Penchenet, que também atua no filme e é mais um dos roteiristas, O Baile corria o risco de se tornar apenas a filmagem de um espetáculo musicado e dançado. O risco é evitado porque Scola, ao aderir à dança e à música, o faz com o seu tirocínio e talento cinematográficos, do que resulta um equilíbrio perfeito na aliança de três artes.
Curioso que um cineasta, sem experiência no gênero, tenha realizado um dos quatro ou cinco maiores musicais de todos os tempos, e dele a sua obra-prima. O cinema (como a vida) tem dessas coisas.
MEUS DEZ MELHORES MUSICAIS
- Cantando na Chuva (Stanley Donen/Gene Kelli/1952)
- Sinfonia em Paris (Vincente Minelli/1951)
- Amor, Sublime Amor (Robert Wise/Jerome Robbins/1961)
- O Baile
- Ama-me Esta Noite (Rouben Mamoulian/1932)
- Cabaret (Bob Fosse/1971)
- Os Guarda-Chuvas do Amor (Jacques Demy/1964)
- Marujos do Amor (George Sidney/1945)
- Um Dia em Nova York (Donen/Kelly/1949)
- Minha Bela Dama/My Fair Lady (George Cukor/1964)
- Cantando na Chuva (Stanley Donen/Gene Kelli/1952)
- Sinfonia em Paris (Vincente Minelli/1951)
- Amor, Sublime Amor (Robert Wise/Jerome Robbins/1961)
- O Baile
- Ama-me Esta Noite (Rouben Mamoulian/1932)
- Cabaret (Bob Fosse/1971)
- Os Guarda-Chuvas do Amor (Jacques Demy/1964)
- Marujos do Amor (George Sidney/1945)
- Um Dia em Nova York (Donen/Kelly/1949)
- Minha Bela Dama/My Fair Lady (George Cukor/1964)
13 comentários:
Sobreira: 'O Baile', sem nenhuma dúvida, é um belo filme. Principalmente pela sua originalidade.
E na sua lista eu incluiria 'A roda da fortuna', do Minnelli, tirando um ou dois títulos da mesma.
Um abraço...
Meu caro:
Já gostei mais d'O baile.
E o meu musical preferido, hoje,
é A roda da fortuna. Em seguida, eu colocaria Cantando na chuva.
Um abraço.
Sobreira, revi O Baile recentemente, e continua maravilhoso!
Pelo menos uns quatro musicais da sua lista também estariam na minha.
Um abraço.
Que saudades,Mr. Sobreira!! Muitas mesmo!!
Estou sem pc, foi levado para o hospital...rs.
Vim deixar meu beijo de saudade.
eita, o raio do blogger nao tinha me atualizado essa postagem, ainda bem que vim mesmo sem saber novidades.
eu gosto muito de musicais, pena nao ter assistido este, mas vou, ah, vou. parece-me que saiu um agora, de um sujeito, um diretor de cinema (esqueci o título, depois lhe digo) que tem mulher, amante, atriz e o c*... e dança, ah, mas tem que saber rebolar e sambar numa dessas, né não? rsrsrs...
olha, faz dois anos e meio que vivo no nordeste, mas sempre quis vir pra cá. sim, como me adaptei e hoje acho muito difícil eu sair daqui, sabe, a nao ser que fosse pernambuco, rio grande do norte ou até mesmo a bahia, de qualquer maneira, me tirar daqui nao vai ser fácil, e olha que são estes pés estrangeiros, hein, mas a (sua) terra nos dá raízes, né.
ontem encontrei uma moça na praia, uma moça de belém, vive aqui há sete anos e começou a esculhambar a terrinha. o que eu podia fazer, ora, esculhambar com ela.. rsrs...
e vc, quando vem? isso me dá até ideia pra fazer algo siarando no rio do norte... rsrsrs.. daqui uns dias, daqui uns dias...
ah, sim, estive em canindé este fim de semana de novo, Sobreira, sua cidade tá mais quente que nunca, que nunca! os próprios canindenses não criam e reclamavam às bicas de suor... e conheci lá um lugar: "São Paulo dos Padres", eles vivem uma experiência coletiva, meio que socialista (pareceu e eles dizem que), mas sem nenhum vinculo religioso, partidário ou mesmo com movimentos sociais. o nome é porque a fazenda era de uns padres, hoje não mais. vou buscar saber mais, em duas semanas volto lá, e te digo.
um beijo, viu e obrigada pelos comentários tão gentis no ellenismos, sim, de Ellena, sem agá e com dois eles, como na velha itália. minha mãe é da calábria, veio para o brasil com meses, a mãe (minha avó), morreu pouco depois do parto e minha mãe foi adotada por uma tia materna que vivia lá em ribeirão preto, mas eu nasci em campinas...
pronto, falei demais, outro beijo então. e beijo nao vai sem cheiro, dizem aqui, né?
Mas bah, Sobreira.
Ainda fico com Cantando na chuva.
Vejo que você não usa marcadores em suas postagens, gostaria de sugerir que o fizesse, suas listas com marcadores se transformariam em boas fontes de consultas.
Boa semana.
Querido amigo, não saou muito de musicais, embora ame a música na telona. Mas tenho que admitir que os clássicos que cita são excelentes. Destes, assisti o Cantando Na Chuva, O Baile e My Fair Lady, de todos, o primeiro é de longe o melhor. Eu sempre fui fã das trilhas sonoras dos filmes, que completam, mas tudo no muical , eu acho muito chato.
No meu caso, ´sou fã mesmo é de ficção científica e de romances e dramas... Efeitos especiais me fascinam!
Vejo que seus comentários estão certinhos e fico muito feliz com isto!
Beijos!
Mais que merecida homenagem (muito boa, parabéns: informativa e apaixonada!) a este musical sem palavras: nunca me esqueço deste filme, que, de tão bom, foi prendendo quem passava insone na sala daquele sábado longínquo de minha memória quando a Globo o exibiu numa perdida Sessão de Gala... Mais legal ainda foi lembrar "My Fair Lady" na sua lista: revi-o recentemente e incrível como ele inda mantém o excelente ritmo! Machistamente divertido! Abração!
Querido amigo,
não sou chegada a musicais, não entendo diálogos cantados pois, para mim, perdem a sensibilidade.
Não vi esse filme :(
Ando sumida pois meu computador faleceu e o novo só nasce final do mês, rsss
Deixo carinho e saudade
beijos de lindos dias
Querido amigo,
não sou chegada a musicais, não entendo diálogos cantados pois, para mim, perdem a sensibilidade.
Não vi esse filme :(
Ando sumida pois meu computador faleceu e o novo só nasce final do mês, rsss
Deixo carinho e saudade
beijos de lindos dias
Querido Francisco
Não tenho a mínima ideia de ter visto algum filme parecido com a descrição que você faz de O baile. E digo isto porque, como já tive ocasião de informar, aqui os filrmes e livros são apresentados com títulos diferentes.
Da lista que você apresenta, por exemplo, apenas reconheço My Fair Lady - que adorei - e Cantando na chuva, que suponho ser "Serenata à chuva", com Gene Kely, de que também gostei imenso.
De resto, gosto muito de filmes musicais.
Uma boa semana.
Beijinhos
Mariazita
PS - Perdoe-me por me atrasar em vir vê-lo, mas tenho andado com problemas a nível "doméstico" que me roubam muito tempo de PC.
gostei!
sempre que passo aqui lamento não estar com tempo, mais, para o meu projeto 'clássicos do cinema'.
beijos, querido
MM.
Olá, querido!
Que delícia vc relembrar "O Baile"!! Na época achei esse filme um primor...
vou ver de novo! Acho que vai ser interessante...
Um beijo para vc
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