terça-feira, janeiro 05, 2010

TRIO




1) Num sábado de dezembro, à noite, estava vendo no canal Futura "O Grande Ditador", de Chaplin. Me impressionou, ainda, depois de tanto tempo que assistira ao filme pela última vez, a cena em que Hynkel (que é Hitler, personificado por Chaplin) faz malabarismos com o globo terrestre, até que este estoura nas suas mãos. É o grande momento do filme, maior mesmo do que o discurso no final, aí feito pelo barbeiro judeu, sósia de Hynkel. E grande, sobretudo, porque encerra um sentido profético (o filme é de 1940, quando a Segunda Guerra estava no início), ou seja, o de que Hitler podia "brincar" com o mundo, mas jamais o dominaria.
Mas, enquanto via "O Grande Ditador", me lembrei de que havia algo em comum entre aqueles dois homens tão diferentes: a mesma idade, com uma diferença de apenas 4 dias a separá-los. Hitler nasceu em 20 de abril de 1889, Chaplin em 16 de abril de 1889.

2) Era um apaixonado por futebol Dom Marcolino Dantas, Bispo de Natal e seu primeiro Arcebispo. Um amigo meu, que está pertinho dos noventa, me contou uma particularidade dessa paixão de Dom Marcolino. Domingo de manhã, ele via no jornal a escalação dos dois times que iriam se enfrentar à tarde - presumo que times do Rio. Pegava uma folha grande de papel e para este transpunha os nomes dos jogadores pertencentes a cada equipe. No desenrolar do jogo, folha na mão, acompanhava a narração do locutor. Fantasiava a sua presença no estádio, vendo a bola se movimentando entre os jogadores.

3) Ele não para. Faz um filme atrás do outro e quase sempre com qualidade. Viaja. Em novembro passado esteve no Brasil, para receber o título de Doutor Honoris Causa, que lhe foi outorgado pela Universidade Federal de Minas Gerais, onde fez uma palestra. Estamos falando do cineasta português Manoel de Oliveira, que, no dia 11 de dezembro passado, chegou aos 101 anos. 101 anos, é isso mesmo. No cinema, alguém pode ter atingido essa idade, até a superado (e não falo só dos que estão atrás da câmera), mas duvido que tivesse se mantido em atividade. Às vezes penso que esse bom velhinho vai morrer num set de filmagem. Uma forma de morrer que, certamente, seria a ideal para ele.

2 comentários:

Mariazita disse...

Querido Francisco
Concordo com a análise que faz de "O grande ditador". A cena que vc considera a melhor do filme (também acho) foi, por certo, uma premonição do que iria acontecer.

Esse Bisto de que fala eu nunca ouvi falar, o que não é de admirar, não é mesmo???

Manoel de Oliveira é, de facto, um caso muito raro de actividade profissional.
Morrer em cima dum palco é o sonho de muitos actores; o dele será, provavelmente, que o "passamento" se dê atrás duma câmara...

Beijinhos
Mariazita

nina rizzi disse...

Sobreira, os seus questionamenos no Balaio Porreta, ora pro-nóbis! gr, me faz perguntar também: Como pode o centro de cidadania da regional IV de Fortaleza (do Montese), pode se chamar: "Centro de CIDADANIA E. G. Médici"?

Eu prefereria o diabo na terra de santa cruz.

Ou, ora veja, o Porto do Pecem "Mário Covas" e, uma escola estadual, lá em São Gonçalo: "Taso Jereisati"...

E não é que isso se elleniza ao Grane Ditado (brilhante), do Chaplin?!

Um abraço, camarada.