Jean Simmons, que faleceu ontem, fez parte de um grupo de atrizes que descobri na minha adolescência, as quais nunca deixei de amar. E cada vez que uma delas se foi, eu senti como se fosse uma amiga ou uma pessoa da minha família.
O primeiro filme que vi de Jean foi "O Manto Sagrado", do ruim Henry Koster, em que ela contracenava com Richard Burton e Victor Mature, um dos grandes canastrões do cinema, que marcou época nos anos 50 do século passado. Com 23 para 24 anos, ela tinha já uma bagagem bem razoável no cinema, pois a sua estreia na tela se dera em 1944, com "Give Us the Moon", quando ainda morava na Inglaterra, onde nasceu em 31 de janeiro de 1929. Ainda no seu país trabalhou em "Grandes Esperanças (1946), de Lean, adaptação do romance homônimo de Dickens, o seu primeiro trabalho importante, a que se seguiu o "Hamlet", dirigido e interpretado por Sir Lawrence Olivier. No papel de Ofélia, ela recebeu a primeira das duas únicas indicações para o "Oscar"; a outra ocorreu 22 anos depois, com "Tempo para Amar, Tempo para Esquecer," dirigido por Richard Brooks, então seu marido (antes ela fora casada com o ator Stewart Granger, tendo um filho de cada casamento). Duas indicações em mais de 60 anos de carreira e ficou de mãos abanando, o que vem mais uma vez confirmar que esse prêmio não é mesmo para ser levado a sério.
Em Hollywood a partir de 1950, 51, a bonita e elegante Jean se esteve em alguns filmes que não mereciam o seu talento, também fez filmes de boa e ótima qualidade: "Spartacus", de Kubrick, "Da Terra Nascem os Homens", de Wyler, "Entre Deus e o Pecado", de Brooks, entre mais uns poucos. O seu período áureo se deu nos anos 50 e nos primeiros anos de 60. Na década de 70 ela dedicou-se quase totalmente à televisão, trabalhando ocasionalmente no cinema. Foi, aliás, na televisão que ela participou, com certo destaque, de "Pássaros Feridos", que obteve grande sucesso. Mas foi no cinema em que ela fez o seu último trabalho, "Shadows in the Sun", de 2009.
Nos anos 80 sofreu uma forte dependência ao álcool, o que a levou a uma clínica para superar o vício. Parece que o conseguiu e continuou o seu trabalho até o ano passado.
É mais uma das atrizes que marcaram a minha adolescência e juventude que se vai. Delas, se não estou enganado, só restam Maureen O'Hara, que está chegando aos 90, e Claire Bloom, por quem me apaixonei desde que a vi em "Luzes da Ribalta", de Chaplin, beirando os 80.
Querida Jean, que a terra te seja leve!
3 comentários:
Querido Francisco
Não me apercebi de que já tinha postado, senão já teria cá vindo.
Como costuma ser à terça-feira...nem me dei ao trabalho de verificar...
Lembro-me bem da Jean Simmons, e de ter visto alguns filmes com ela - não me lembro quais, mas já foi há tanto tempo!
Era uma mulher muito bonita, com uma beleza muito sua, fora do vulgar; muito elegante e boa actriz.
Ter sido nomeada para o Óscar apenas duas vezes, e não ter ganho nenhum, com tantos anos de carreira mostra bem, como você diz, que esse prémio ( e outros) têm o valor que têm...
Linda a homenagem que você lhe presta.
Beijinhos
Mariazita
Olá Sobreira!
Mais um grande nome da era de ouro se vai. Não vi muitos filmes com ela, mas seu nome figura entre as constelações. Bela homenagem!
Um beijo!
menino Francisco,
é a primeira vez que leio suas impressões. Como gosto do que me deparei. A senhora Jean é uma bela personagem de muitas memória; isto percebo quando falo com velhos amantes das salas. Não ví quase nada dela, mas me grudou nos olhos desde a primeira vez. O que não senti, em sua homenagem, foi o fogo da paixão juvenil, não senti o ardor que a Jean Simmons causa quando ouço sobre ela das bocas do velhos amantes.
Abraço e obrigado por suas letras.
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