domingo, setembro 28, 2008

PAUL NEWMAN



Paul Leonard Newman, que faleceu na última sexta-feira, aos 83 anos (nascido em 26.1.1925), estreou no cinema em 1954, em O Cálice Sagrado, de Victor Saville, um daqueles produtos históricos e bíblicos que Hollywood fabricava em série nos anos 1950. Essa bobageira que vi, creio, em 1956 (mas na época, com meus quatorze anos, em não tinha consciência disso) marcou profundamente o ator, que relutou muito em atuar nela. E muitos anos depois, quando ele soube que O Cálice Sagrado ia ser exibido na televisão, fez circular nos principais jornais dos Estados Unidos um pedido às pessoas para que não fossem assistir ao filme.
Mas Newman esteve em filmes que talvez tivessem (ou chegassem próximo) o mesmo nível do filme da sua estréia, como Inferno na Torre, por exemplo. Aliás, não foi em grande quantidade os filmes importantes dele e nenhum atingiu o status de obra-prima. Seus melhores, na minha visão, foram: Marcado pela Sarjeta (no qual só trabalhou devido à morte de James Dean, o ator escolhido para o papel de Rocky Graziano), Um de Nós Morrerá, Gata em Teto de Zico Quente, Desafio à Corrupção, Doce Pássaro da Juventude, Butch Cassidy and Sundance Kid, Golpe de Mestre, O Indomado, O Veredicto, Harper, o Caçador de Aventuras, Hombre, A Cor do Dinheiro (em que retomou o personagem já bem maduro de Desafio à Corrupção), A Roda da Fortuna. Devo ter esquecido um ou outro e posso acrescentar Estrada da Perdição, sua derradeira aparição no cinema, em 2002. Mas aquele que deveria ser o ponto mais alto da sua filmografia, ele não pôde fazer - A Doce Vida, de Fellini. Era o preferido para interpretar o jornalista, porém a questão salarial tornou inviável a sua contratação, e o papel foi parar nas mãos de Marcelo Mastroianni. Será que ele não chegou também a se arrepender de não ter trabalhado com Fellini, como se arrependeu em relação ao seu primeiro filme?
Tinha muito talento. No entanto, durante os primeiros anos de carreira cultivou alguns maneirismos (até o cacoete de de coçar muito a cabeça, bem como a forma de andar, que o crítico Sérgio Augusto chamou certa vez de pendular), adquiridos, certamente, na sua passagem pelo Actor's Studio, que comprometiam às vezes a sua interpretação. Com o passar dos anos foi se livrando desses vícios e cresceu ainda mais como ator.
Experimentou a direção, já em 1961, com On the Harmfulness of Tobacco, um média metragem adaptado de uma peça de Tchecov, segundo informa Rubens Ewald Filho no seu Dicionário de Cineastas. Foram 7 filmes, pelo menos cinco com Joanne Woodward, sua companheira de cinquenta anos, um dos quais para a tevê. Deles só conheço Rachel, Rachel, de que gostei moderadamente quando o vi nos anos 1960, e Uma Lição para não Esquecer. Neste ele começou só como ator, ao lado de Henry Fonda, mas em meio às filmagens assumiu a direção, substituindo Richard A. Colla, e assim fica difícil saber até que ponto ele imprimiu a sua marca no filme. Não posso, portanto, avaliar Newman por trás da câmera. Mas há quem ache que ele foi tão bom diretor quanto ator. A conferir, se possível.












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