quarta-feira, junho 18, 2008

OS FILMES E SEUS MOMENTOS INESQUECÍVEIS

Woody Allen e Diane Keaton em Noivo Neurótico, Noiva
Nervosa (Annie Hall/1977)

Nos filmes a que assistimos guardamos deles momentos inesquecíveis. Pode acontecer que até um filme ruim contenha uma cena, um momento, um gesto de um ator, uma frase de humor, ou qualquer outra coisa, que nos fiquem para sempre na lembrança. Muitas vezes, a lembrança é reforçada por algo semelhante que vemos ou praticamos na vida real. Uma situação, um objeto, uma gargalhada, um rosto de uma pessoa que se pareça com o de um ator pouco conhecido, tudo isso e muito mais contribui para que um determinado filme (mesmo, repito, que não possua qualidades) se perpetue em nossa memória.

Todos os dias quando me levanto da cama, antes de fazer os asseios matinais, vou para a janela do quarto e fico um pouco olhando pessoas praticando o seu Cooper. Vêm algumas em grupos de três ou quatro, outras sozinhas, algumas trotando, até as que formam um casal. E é impossível não me lembrar de Noivo Neurótico, Noiva Nervosa, de Woody Allen. Numa cena, Woody e Diane Keaton estão num local, me parece que num parque, enquanto algumas pessoas fazem a sua caminhada diária. E Woody se dirige à noiva, comentando, em tom de ironia, sobre algumas delas, no modo de praticarem aquele exercício, não poupando nem os idosos, pelo empenho em preservarem a saúde e, com isso, fazerem retardar a chegada da morte.

Em O Selvagem da Motocicleta (Rumble Fish /1983), de Coppola, há uma cena em que o personagem de Mickey Rourke observa um aquário numa loja. Ao jovem irmão, que o ocompanha, ele se manifesta contra a situação dos peixinhos, aprisionados naquele espaço limitado, apartados do seu habitat. E à noite ele penetra na loja fechada para libertar os animaizinhos e devolvê-los à imensidão do mar, mas é flagrado pela polícia e acaba morrendo.

Pois bem. Durante um certo tempo freqüentei uma pizzaria, onde existe um aquário. Sempre ficava perto do aquário e cheguei uma vez ou outra a me sentar à mesa encostada a ele. E observando os peixinhos, me lembrava da cena e do personagem daquele filme.

Acontece, não raro, você encontrar no dia-a-dia uma pessoa que o faça lembrar um personagem de um filme. E nem é preciso que haja entre ambos uma semelhança física. Na década de 1960 passou em Natal Servidão Humana, de Ken Hughes/1964, baseado no romance de Somerset Maugham. Estrelado por Kim Novak e Lawrence Harvey, era a terceira versão realizada daquela obra. Havia aqui um homem de seus trinta e tantos anos (deve ter morrido, ou mudou de cidade, pois nunca mais o vi), que sofria de um problema numa perna, que o levava a andar mancando. O personagem de Lawrence Harvey carregava o mesmo aleijão. Fora isso, não havia a mínima semelhanca entre o ator e o homem comum. Mas o defeito físico de ambos fazia com que um amigo meu se lembrasse de Harvey (e, claro, do filme) e comentasse o fato comigo toda vez que encontrávamos o coitado, o que ocorria com freqüência.




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