sexta-feira, outubro 26, 2007

A POESIA DE ARINE DE MELLO JR.

Apresento, hoje, a vocês a poesia de Arine de Mello Jr, paulista, nascido em 1947, e formado em Direito. São 3 poemas do seu livro "Reflexões dos Momentos" (Scortecci Editora/2007). Arine publicou ainda pela mesma editora os livros "Estes Momentos" (2004) e "Outros Momentos" (2005).

OLHAR COM AS MÃOS

sempre quis olhar com as mãos,

olhar sem o tato é ver.

olhar sentindo apenas com as mãos.

com as mãos delicadas para identificar,

com as mãos grosseiras para sobreviver,

assim gosto de olhar,

tocando as linhas da vida,

do amor nas saudades solitárias,

que, às vezes,

mesmo na dolorida ferroada,

no toque onde sou tocado,

nestes dedos entre letras,

nas piratarias como ladrão de desejos,

meu toque nessa contenda,

minhas mãos que vivem te olhando,

sentindo o que sente suas mãos.

olhar sem tocar é apenas ver,

principalmente quando olhamos o que

gostamos sem poder tocar,

sofro olhando para você...

você, que gostaria de me tocar.

MULHER E PECADO

mulher,

uma bela e doce mulher,

o supra-sumo da criação humana,

a vida que dá à vida mais vida,

que dá a vida o que a vida quer,

mais uma doce e bela mulher.

no olho demoníaco do mal,

doce e bela mulher,

assecla do mesmo mal,

tentação pecaminosa da alma que

leva o homem para onde quer.

antagonismo irracional,

mulher que é mulher para ser

uma bela e doce mulher,

não peca sabendo que o pecado

é seu mal,

peca, quando... seu pecado vem do

amor, da obra celestial,

assim é uma bela e doce mulher,

assim peca uma doce mulher,

assim se santifica uma bela mulher,

o resto é exagero do gosto, do jeito,

do jeito que o diabo quer.

BRINCADEIRA DE DEUS

tudo não é o início e nem o fim,

nada, só nada, é o espaço entre esses dois pontos.

iniciando ou finalizando,

considerando os aspectos materiais das

substâncias,

daqui ao mais estremado confim,

de bactérias a dinossauros,

de dinossauros aos antropóides,

das cordilheiras aos grandes mares,

desde o mais alto ao mais profundo,

dos anos aos dois primeiros segundos,

Deus soprando suas bolinhas de sabão, brincava

com a ciência, com as paixões e nossos amores.

só isso,

uma brincadeira de Deus que virou matéria,

que virou uma coisa preocupante, uma coisa séria,

uma coisa que poderá afetar até mesmo outros

mundos,

outros mundos que já se preocupam com o nosso

nada.


3 comentários:

Lily disse...

Muito interessantes os poemas...Talvez essa seja também uma das funções do Blog: Ocupar, resistir e produzir.
Faz parte de nosso ofício...e não de registrar as coisas da vida para o porvir.
Grande beijo, felicidade para nós.

Lily disse...

ops (corrigindo)
e não deixar de registrar as coisas da vida para o porvir.

Marco disse...

Olá, caro amigo Francisco. estou de volta de minha andanças pelo planeta Minas.
E que belos poemas você postou, heim?
Excelentes!
Carpe Diem. Aproveite o dia e a vida.