sexta-feira, junho 15, 2007

O PRIMEIRO FILME DE CADA UM


Na década de 1990 eu mantive por alguns meses uma coluna de cinema no "Diário de Natal". Era uma coluna semanal, que saía às sextas-feiras. Entre textos sobre filmes e diretores, realizei umas (poucas) entrevistas com amantes do cinema. Eram apenas sete perguntas feitas a cada pessoa, devido à limitaçao do espaço a mim reservado. Entre elas havia a curiosidade de saber se o entrevistado se lembrava do primeiro filme a que assistira - o seu primeiro contato com o cinema. Todos se lembravam, evidente que de uma maneira vaga, um fato normal na memória das pessoas, impossível de ser clara depois de tantos anos decorridos.
Fiquei surpreso, porque não me lembro do meu primeiro contato com esta arte que tanto amo. A minha memória, que é relativamente boa para fatos sucedidos na infância, não funciona nesse quesito - nem um tiquinho de idéia de qual tenha sido o primeiro filme que vi. A certeza que tenho é que foi no Cine Canindé. Isso está fora de questão. E deve ter sido um seriado, ou um faroeste daqueles que, nos Estados Unidos, são classificados de "Z" (estrelados por Charles Starrett, o Durango Kid, Roy Rogers, Johnny Mac Brown, entre outros) . Mas qual? Me socorre. memória. Confesso que senti uma certa inveja daqueles entrevistados. Como gostaria de me lembrar, uma cena que fosse, do meu primeiro filme.
Em seu livro "Escritos Sobre o Cinema", o diretor Jean Renoir relata o seu primeiro encontro com a arte da qual ele se tornou um dos nomes mais importantes. A arte que ele dignificou com filmes da estatura de "A Grande Ilusão" e "A Regra do Jogo". Ele era interno de uma escola e, num domingo remoto de sua infância, ali mesmo assistiu a um filme trazido por um desses exibidores ambulantes. Renoir nunca esqueceu a experiência que lhe foi maravilhosa. E, comovido, afirma que daria tudo pra rever aquele filme.
Eu me lembro, sim, do filme que vi no mesmo dia em que cheguei a Sobral, no interior do Ceará, para assumir o emprego no Banco do Brasil. Me lembro até do nome do cinema: Cine Alvorada, que ficava de frente para uma pracinha e tinha, ao lado, um bar chamado Crepúsculo. O filme? Ah, sim. Era "Os Caminhos Secretos", uma aventura de espionagem estrelada por Richard Widmark, ator ainda vivo com seus 92 anos. Como também me lembro do primeiro filme visto em Natal, quando aqui cheguei em 30 de julho de 1965. Não foi uma boa estréia, essa minha em Natal. O filme se intitulava "Pão de Açucar", com o canastrão Rossano Brazzi e Rhonda Fleming, uma bonita ruiva que teve um certo sucesso na década de 1950. O filme foi rodado no Rio e era falado em português. Brazzi e Fleming tiveram as suas vozes dubladas. E me lembro bem que, tal como o filme, a dublagem não era boa. Principalmente com a voz de Brazzi. Em certos momentos não havia uma sincronia entre a voz do ator com a do dublador. Sou obrigado a confessar que, mesmo sem nunca ter gostado de Brazzi, tive uma certa pena dele. Mas pouco depois de comer (sem gostar) esse pão, veio a compensação, quando vi "A Grande Ilusão". Foi num sábado, no Rex, numa sessão do Cinema de Arte promovida pelo Cineclube Tirol. E, mais ou menos, na mesma época, vi "O Professor Aloprado", de Jerry Lewis, que me impressionou muito, e "A Noite", de Antonioni.
E você, amigo (a) visitante deste blogue, se lembra do seu primeiro filme?

4 comentários:

Loba disse...

Olha, fiz uma verdadeira viagem ao passado com esta sua pergunta!
Meu primeiro filme... ah, vou considerar como primeiro o filme que mais me marcou - pra isso preciso descontar todas as matinés e romeus e julietas vistos antes! rs... Mas sem dúvida, Easy Rider foi o disparador de uma série de atitudes. E marcou. Tanto que o vi inúmeras vezes.
Beijos Sobreira. E obrigada pelo prazer desta viagem!

Unknown disse...

Pois é, meu caro amigo Francisco Sobreira...
Depois de, aposentado na Receita Federal e afastado de atividades de professor universitário, mesmo assim continuei usando precariamente o computador, mais para digitar meus livros ou trabalhos de consultoria.
Decorridos quase quarenta anos, sabia de você apenas pelas alusões a suas ligações literárias.
Finalmente, um mês atrás, nosso Sindicato facilitou um curso sobre Internet, destinado a inativos (detesto esse nome, mas deixa p'ra lá!)e, finalmente, comecei a "navegar", mesmo aos tropeços e "engolindo água". Nos últimos dias, resolvi testar os incríveis serviços da Google, fazendo pesquisas sobre cinema, principalmente. Hoje, resolvi tentar ressucitar Jonny Mac Brown, dos velhos filmes faroestes de 3 psrtes, no Cine Canindé. No primeiro comentário sobre "O primeiro filme de cada um, descubro alguém lembrando que, embora esquecendo o nome, vira seu primeiro filme no "Cine Canindé".
Só p'ra conferir o que estava imaginando, subi a vista e li o nome do autor.
Puxa, que surpresa agradável!
Ainda leigo sobre a maior parte dos mistérios da Informática, chamei meu filho caçula (Artur, que forma com a Priscila um outro casal de filhos, do segundo casamento) e pedi socorro, no sentido de localizar seu endereço. Atenciosamente, mas sem esconder inteiramente sua frustração pela minha burrice, ele sugeriu: "Que tal comentar no blog do seu amigo? Certamente. embora seu cativante artigo não seja tão recente, cdedo ou tarde você tornará a passar por ele.
Desse modo, ficarei aguardando seu contato. Meu endereço:
artunani@gmail.com
A propósito, fiquei feliz ao notar que, após "matar" o cachorro Alain Delon, você continuou dando vida a muita gente, em livros que, oportunamente, espero ler.
Você ainda se lembra dos sábios comentários do Chico do Veríssimo, entre os quais o de que o chapéu do artista tinha que ser branco e nunca caía de sua cabeça, mesmo após uma... "luta sem tréguas" (título de uma série, em oito capítulos, que a gente recomendava assistir com o lenço no nariz, para evitar gripar com o excesso de poeira das cavalgadas.
Aguardo retorno.
Um abraço do Artunani.,

Unknown disse...

Pois é, meu caro amigo Francisco Sobreira...
Depois de, aposentado na Receita Federal e afastado de atividades de professor universitário, mesmo assim continuei usando precariamente o computador, mais para digitar meus livros ou trabalhos de consultoria.
Decorridos quase quarenta anos, sabia de você apenas pelas alusões a suas ligações literárias.
Finalmente, um mês atrás, nosso Sindicato facilitou um curso sobre Internet, destinado a inativos (detesto esse nome, mas deixa p'ra lá!)e, finalmente, comecei a "navegar", mesmo aos tropeços e "engolindo água". Nos últimos dias, resolvi testar os incríveis serviços da Google, fazendo pesquisas sobre cinema, principalmente. Hoje, resolvi tentar ressucitar Jonny Mac Brown, dos velhos filmes faroestes de 3 psrtes, no Cine Canindé. No primeiro comentário sobre "O primeiro filme de cada um, descubro alguém lembrando que, embora esquecendo o nome, vira seu primeiro filme no "Cine Canindé".
Só p'ra conferir o que estava imaginando, subi a vista e li o nome do autor.
Puxa, que surpresa agradável!
Ainda leigo sobre a maior parte dos mistérios da Informática, chamei meu filho caçula (Artur, que forma com a Priscila um outro casal de filhos, do segundo casamento) e pedi socorro, no sentido de localizar seu endereço. Atenciosamente, mas sem esconder inteiramente sua frustração pela minha burrice, ele sugeriu: "Que tal comentar no blog do seu amigo? Certamente. embora seu cativante artigo não seja tão recente, cdedo ou tarde você tornará a passar por ele.
Desse modo, ficarei aguardando seu contato. Meu endereço:
artunani@gmail.com
A propósito, fiquei feliz ao notar que, após "matar" o cachorro Alain Delon, você continuou dando vida a muita gente, em livros que, oportunamente, espero ler.
Você ainda se lembra dos sábios comentários do Chico do Veríssimo, entre os quais o de que o chapéu do artista tinha que ser branco e nunca caía de sua cabeça, mesmo após uma... "luta sem tréguas" (título de uma série, em oito capítulos, que a gente recomendava assistir com o lenço no nariz, para evitar gripar com o excesso de poeira das cavalgadas.
Aguardo retorno.
Um abraço do Artunani.,

Anônimo disse...

O primeiro filme que assisti foi uma comédia com um ator cujo apelido era Boca Larga, o filme para mim parecia maluquete, chamava-se PÂNICO, para mim eramcenas absurdas, uma correria sem fim, tinham cenas que foram rodadas de cabeça para baixo. Assisti com minha mãe, num cinema na cidadede Rancharai-SP, eu tina sete anso. Dai para frente tornei um cnéfilo desenfreado, em especial de seriados. Flash Gordom por exemplo.